A melhor atuação do Grêmio no ano deixou o torcedor otimista: mesmo sem os talentos que servem à seleção olímpica, o time de Renato Portaluppi aplicou uma goleada de 5 a 0 no Esportivo, pela quarta rodada do primeiro turno do Gauchão. É consenso que Matheus Henrique e Caio Henrique devem chegar e assumir os lugares, respectivamente, do volante Lucas Silva e do lateral-esquerdo Bruno Cortez. A grande dúvida do momento, no entanto, é se há lugar para Pepê no time titular. O garoto de 22 anos, vice-artilheiro do Pré-Olímpico mesmo na reserva, vem enchendo os olhos de quem acompanha o torneio.
Inicialmente, a expectativa era de que Pepê substituísse Everton, já que havia sido o dono do flanco esquerdo enquanto o camisa 11 estava com a Seleção Brasileira na Copa América. Com a confirmação de que, pelo menos até a próxima janela de transferências, Cebolinha fica na Arena, Renato tem um verdadeiro quebra-cabeças para montar. Questionado sobre o assunto após a vitória sobre o São José, na quinta-feira passada, o treinador não descartou a possibilidade de escalar os dois jogadores juntos entre os titulares.
— O Pepê é um grande jogador. Antes de ser convocado, ele já estava bem aqui e agora está bem na seleção. Esses jogadores dificilmente são marcados. Pode ser, por que não (mexer no posicionamento do ataque)? É importante eu ter essa dor de cabeça. Deixa eu ficar com dor de cabeça para escalar a equipe. Tem chances disso (os dois jogarem juntos) acontecer, vai depender do jogo, do que a gente precisa — analisou.
Definir este estilo de jogo será imprescindível para escolher as peças da escalação, concordou Tcheco, meia do Grêmio vice-campeão da Libertadores em 2007. Atual treinador do Rio Branco, do Paraná, o ex-jogador gremista ressalta a importância de ter opções no banco de reservas que podem mudar a partida.
— A grande dúvida é: qual a prioridade do Renato para este ano? Dois velocistas pelas pontas? Se for isso, ele vai ter um ótimo no banco. O que me chama atenção no Grêmio é que as reposições são à altura dos titulares. Quando se tem muitas competições, há essa necessidade. Estou curioso para saber o perfil do time neste ano — projetou.
A mexida mais provável é tirar Alisson do time para incluir Pepê. Mas o atual titular, além de marcar o quinto gol do Grêmio diante do Esportivo, fez a melhor atuação da temporada na Arena. Responsável por promover Alisson ao Cruzeiro que, em 2014, foi campeão do Brasileirão, Marcelo Oliveira crê na permanência do camisa 23 pela direita tricolor.
— Conheço muito o Alisson e suas características porque o promovi para o profissional. Era uma grande promessa, tinha muita qualidade técnica, era insinuante. E confirmou tudo isso no decorrer da carreira. É um ótimo profissional, um jogador extremamente valioso em tempos em que as defesas estão muito fechadas. Tem drible, tem toque e eventualmente faz gol — elogiou o treinador, atualmente sem clube. Ele, inclusive, cogita ser possível atuar com Alisson, Pepê e Everton juntos:
— Renato pode também usar o Everton na frente, mais solto, com Alisson e Pepê, um de cada lado. Mas, caso Alisson ou Pepê fiquem de suplentes, você ganha o jogo com o banco. Entra um jogador do mesmo nível do que está jogando, mas descansado. Faz uma diferença enorme, pois a partida está mais aberta. A preocupação é que o jogador brasileiro tem dificuldade com suplência, só que ter um técnico como Renato ajuda nestas situações.
Na seleção olímpica, Pepê tem atuado pelo lado esquerdo — setor ocupado por Everton no Grêmio. Mesmo na reserva da seleção sub-23, ele vem sendo um dos destaques do Pré-Olímpico: é o artilheiro do Brasil no torneio, com três gols.
— Quando tem jogador bom, tem que botar todos para jogar. Tem que ter Pepê no time. Falo no Grêmio e na Seleção. Como ele vem jogando pela esquerda, valeria fazer um teste para ver se ele se sente confortável no lado direito. Ele é muito oportunista, está evoluindo muito bem na finalização, consegue se impor, tem técnica. Ele muda o jogo, surpreende — afirma Lédio Carmona, comentarista do SporTV.
Outro fator a ser levado em conta é a chegada de Victor Ferraz, que fez o futebol de Alisson crescer. Pelo lado direito, os dois vêm mostrando bom entendimento tanto na hora de atacar quanto na de defender.
— O Alisson ajuda na marcação, o que é ótimo. E mesmo assim ataca, chega à frente. Se o Pepê entrar, o jogador do meio de campo terá de fazer a cobertura para resguardar o setor _ opinou Oliveira.
O certo é que Renato Portaluppi não precisará se preocupar com este arranjo até o dia 9 de fevereiro, data do último jogo da seleção no Pré-Olímpico, contra a Argentina. Depois do confronto, Pepê, Caio Henrique, Matheus Henrique e o goleiro Phelipe Megiolaro serão liberados para retornarem à Arena, mas como não realizaram pré-temporada com os demais jogadores, devem passar por atividades específicas até serem liberados.