Já faz alguns anos que o Encontro de Futebol Infantil Pan-Americano (Efipan) lança jovens talentos. Ainda pequenos, inúmeros craques — como Tévez, Riquelme, Ronaldinho e Neymar — passaram pelo gramado do Estádio Municipal Farroupilha, do Flamengo de Alegrete. Quem pode se somar a esta lista no futuro é Lucas Caniggia, 14 anos, destaque da edição deste ano, concluída no último domingo (4), com título do Grêmio.
Depois de ter feito o único gol da vitória no clássico Gre-Nal, pela semifinal, o centroavante gremista voltou a marcar duas vezes na decisão, nos 3 a 1 sobre o Palmeiras. Ao todo, foram sete gols, terminando como goleador do Tricolor e vice-artilheiro da competição. Os números só não chamam mais atenção do que o sobrenome — na verdade, um apelido, em homenagem ao carrasco do Brasil na Copa do Mundo de 1990.
—É uma curiosidade que não sei te dizer o porquê, mas ele já veio com esse apelido e a gente acabou deixando — explica William Mikhailenko, coordenador da Escola do Grêmio.
A explicação está na fisionomia mesmo. Quando menor, usava os cabelos compridos. Como é loiro, a referência ao atacante das décadas de 1980 e 1990 se tornou óbvia para o técnico da escolinha de futsal em que jogava, Alessandro "Seco". Porém, a comparação de quem o acompanha diariamente é com outro argentino, ídolo do Boca Juniors.
— Ele tem um estilo parecido com o do argentino Palermo. É um atacante de área, de definição de jogada. Tem boa técnica, é aguerrido e voluntarioso. Briga todo o tempo pela bola e ajuda na marcação — explica Enzo Lodovici, técnico da equipe sub-14 do Tricolor.
Nascido em Brasília, Lucas era monitorado pelo Grêmio desde que tinha nove anos. Antes, porém, passou pelas categorias de base de Vasco e Palmeiras. No clube paulista, inclusive, era chamado por Lucas Magalhães. Pois quis o destino que o ex-clube sofresse nas mãos do centroavante de 1,76cm, justo na disputa pelo troféu neste fim de semana.
— Quando ele tinha de 11 para 12 anos, a família entrou em contato conosco, pelo trabalho que a gente fazia de formação dos meninos. Desde pequeno, ele chamou atenção pelo domínio e presença na área, que são características difíceis de observar em meninos. É muito dedicado nos treinos e tem um comportamento acima da média. Por isso, em 2019, passou a integrar as categorias de base em Eldorado do Sul — revela Mikhailenko.
O título conquistado no último final de semana foi o sexto do Grêmio em 39 edições do Efipan. A campanha teve apenas um empate, contra o mesmo Palmeiras pela fase classificatória, e sete vitórias: contra Paraná e Inter (duas vezes), Independiente e Misiones, da Argentina.
— Claro que queremos ganhar, mas hoje a política do clube é, acima de tudo, dar projeção aos garotos — conclui Mikhailenko.