Quem imaginava um Grêmio diferente no duelo contra o Bahia, pelas quartas de final da Copa do Brasil, viu novamente Renato Portaluppi escalar um centroavante de área — no jogo de quarta-feira (10), o escolhido foi André — com Alisson aberto pela direita, Everton pela esquerda e Jean Pyerre no meio, centralizado. Assim, a equipe manteve o já conhecido 4-2-3-1, com o homem de referência no ataque.
Mesmo com a confirmação da lesão de Felipe Vizeu, que precisará ser submetido a uma artroscopia no joelho esquerdo e para por pelo menos dois meses devido a uma luxação patelar, a ideia é manter a equipe com um centroavante de ofício. A utilização de Luan como falso 9, com Tardelli vindo de trás, alternando posição com ele, foi refutada pelo técnico. Ele testou esse modelo durante a intertemporada e, conforme afirmou em entrevista após a partida, não gostou do que viu.
— Fiz alguns jogos-treino, alguns coletivos, coloquei Luan junto com o Tardelli e não deu certo. Não treinamos bem. O time não segurava a bola lá na frente. Os jogadores preferem um jogador de área e eu também — ressaltou o comandante tricolor após o empate em 1 a 1 com o Bahia, na Arena.
Neste caso, as opções são André e o garoto Da Silva, 20 anos. Destaque da base gremista, o atleta teve o seu contrato renovado até o final de 2021 e chamou atenção na Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano, quando foi o artilheiro gremista com cinco gols, e ao longo do Brasileirão de Aspirantes, em que balançou as redes outras quatro vezes.
Natural do Rio de Janeiro, Da Silva está no clube gaúcho desde 2015. Centroavante de bom porte físico e com faro de gol, ele foi elogiado pelo técnico do sub-20 César Lopes antes da disputa da Copinha, no início do ano:
— O Da Silva chama atenção pelos gols que marca, e como centroavante de ofício que é, esta é a sua função. Mas, desde que chegou ao clube, vindo do Fluminense, vem mantendo uma média de gols muito interessante.
A possibilidade de contratação para o setor ainda será avaliada. A tendência, no entanto, é de que o clube não busque alguma alternativa no mercado.
— Neste fim de semana vamos avaliar para ver se vamos manter assim mesmo. Se o garoto que subir da base der a resposta, talvez a gente não precise contratar. Mas isso terá de ser avaliado — salientou o diretor de futebol Deco Nascimento.
O problema é que Renato ainda não preparou Da Silva para essa possibilidade. Assim como fez em outros casos, como os de Jean Pyerre e Matheus Henrique no ano passado e com Rodrigues nesta temporada, ele recordou que é preciso dar oportunidades aos poucos para os meninos, para que eles vão amadurecendo.
— Quando você diz para o garoto "toma a camisa, vai lá e joga", passa uma responsabilidade e pode queimar o jogador. Temos de ter muita calma. Não posso dizer que não vai ser aproveitado. Mas o jogador precisa ser lapidado, porque já vi muitos garotos serem queimados. Tem que ter calma nessas horas — destacou o comandante tricolor.
Assim, o quarteto de ataque titular do Grêmio está praticamente definido, com Alisson aberto na direita, Jean Pyerre centralizado, Everton pela esquerda e André como centroavante. Para saber se essa é a melhor alternativa para o setor ofensivo da equipe, GaúchaZH ouviu novamente a opinião de Duda Garbi, Eduardo Moreno e Maurício Saraiva para saber se concordam ou não com a formação de Renato.
Eles também foram ouvidos na edição do dia 3 de julho. Na ocasião, Garbi e Saraiva entendiam que Tardelli deveria ser escalado aberto pela direita, na vaga de Alisson, e Luan deveria ser o falso 9. Devido às falas de Renato, dizendo que Tardelli atuará por dentro e que terá um centroavante de ofício no comando do ataque, ele reformularam os seus quartetos. Assim como Moreno, que defendia a mudança de formação para um 4-4-2 losango, com Luan e Everton no ataque, à frente de Jean Pyerre.
Agora, confira como eles escalariam o time:
Duda Garbi, gremista e comunicador do Grupo RBS
Aberto na direita: Alisson (Thaciano)
Centralizado no meio-campo: Jean Pyerre
Aberto na esquerda: Everton
Centroavante: André (Tardelli)
O Jean Pyerre é titular absoluto. Não se pode tirar o Jean Pyerre do time em hipótese alguma. Tardelli não quer jogar aberto porque não tem condição física ou o Renato entende isso, tudo bem. Então ou ele vai disputar vaga com André de 9 ou ele será reserva do Jean Pyerre, porque hoje o Jean Pyerre é titular absoluto. O Luan não quer jogar de falso 9, tudo bem. Então ele também vai disputar posição com o Jean Pyerre. Porém, o Jean hoje é titular incontestável. Por isso, entendo que Tardelli vai disputar vaga com André coo camisa 9. Aí o menos pior joga, porque hoje não temos um que seja o melhor. Temos apenas o menos pior. E aí nas extremas a gente mantém Alisson, ou até Thaciano, e Everton até ele sair.
Eduardo Moreno, narrador do Grupo Globo
Aberto na direita: Alisson
Centralizado no meio-campo: Tardelli
Aberto na esquerda: Everton
Centroavante: André (Vizeu)
Não concordo com o Renato. Não imagino o Tardelli jogando ali (centralizado no meio). Ele tiraria o espaço do camisa 10. Jean Pyerre e Luan não poderiam jogar ali. O Tardelli tem de estar aberto, podendo cortar para dentro eventualmente ou então posicionado à frente. Forçando a barra, eu colocaria o Tardelli por dentro. Aí sai o Jean Pyerre do time. Everton e Alisson abertos, com André ou Vizeu (quando se recuperar). Mas é um time mais desprotegido. O Tardelli não volta para marcar, o Alisson também não tem tanta eficiência nesta função. E perde o talento do garoto. Acho difícil funcionar, mas tem que testar. O Renato não é louco, deve ter observado em treinos.
Maurício Saraiva, comentarista da Rádio Gaúcha e da RBS TV
Aberto na direita: Luan (Alisson)
Centralizado no meio-campo: Jean Pyerre
Aberto na esquerda: Everton
Centroavante: André (Luan)
Nenhum problema jogar com centroavante, o Grêmio foi campeão da Libertadores jogando com um homem de área. Mas o Grêmio também foi campeão da Copa do Brasil sem um centroavante típico, tradicional, e com Luan atuando de falso 9. Para esse momento da equipe, eu continuo acreditando que o melhor é somar a qualidade do Jean Pyerre na articulação com Luan adiantado, fazendo essa função de centroavante diferente. Mas, se o Renato não vê assim, poderia colocar o Luan aberto na direita. E o Everton do outro lado. Se o Diego Tardelli voltar a jogar futebol em algum momento deste ano, ele poderia ter a sua chance também. Com isso, você teria Jean Pyerre centralizado, Luan aberto na direita, Everton na esquerda e André como centroavante. Se o Luan não puder atuar pelo lado, você tem Alisson ou até o Pepê. Mas ainda credito que dá, sim, para jogar com Jean Pyerre e Luan.
Os números das opções de Renato em 2019 pelo Grêmio:
Para a direita
Alisson
- 21 jogos
- 1116 minutos em campo
- 2 gols
- 3 assistências
- 24 finalizações (9 certas)
- 20 desarmes
Thaciano
- 16 jogos
- 844 minutos em campo
- 3 gols
- 3 assistências
- 19 finalizações (7 certas)
- 25 desarmes
Vico
- 3 jogos
- 168 minutos em campo
- Nenhum gol
- Nenhuma assistência
- 7 finalizações (Nenhuma certa)
- 8 desarmes
Rafael Galhardo
- 2 jogos
- 165 minutos em campo
- Nenhum gol
- Nenhuma assistência
- 2 finalizações (Nenhuma certa)
- 3 desarmes
Centralizado no meio-campo
Jean Pyerre
- 28 jogos
- 1899 minutos em campo
- 3 gols
- 6 assistências
- 56 finalizações (23 certas)
- 26 desarmes
Luan
- 16 jogos
- 1002 minutos em campo
- 5 gols
- 5 assistências
- 31 finalizações (17 certas)
- 15 desarmes
Tardelli
- 17 jogos
- 711 minutos em campo
- 2 gols
- Nenhuma assistência
- 15 finalizações (10 certas)
- 9 desarmes
Patrick
- 2 jogos
- 15 minutos em campo
- Nenhum gol
- Nenhuma assistência
- 1 finalização (1 certa)
- 1 desarme
Pela esquerda
Everton
- 25 jogos
- 1999 minutos em campo
- 11 gols
- 1 assistências
- 53 finalizações (30 certas)
- 32 desarmes
Pepê
- 19 jogos
- 1008 minutos em campo
- 5 gols
- 3 assistências
- 23 finalizações (14 certas)
- 21 desarmes
Centroavante
André
- 28 jogos
- 1746 minutos em campo
- 3 gols
- 6 assistências
- 32 finalizações (16 certas)
- 21 desarmes
Da Silva
Ainda não atuou pelos profissionais. Na Copa São Paulo de Futebol Júnior e no Brasileirão de Aspirantes, soma 12 jogos (924 minutos em campo) e nove gols.