Na noite desta quinta-feira (1º), o Grêmio foi surpreendido com o anúncio da antecipação do julgamento do "caso Gallardo". Previsto inicialmente para o início da tarde de sábado, o caso agora será avaliado pela entidade nesta sexta-feira, a partir das 11h (12h, no horário de Brasília).
Além do diretor do departamento jurídico, Nestor Hein, embarcam em um voo fretado os advogados Leonardo Lamachia, Jorge Petersen, Guilherme Stumpf e Henrique Soares — mais um profissional uruguaio, com experiência em trâmites na Conmebol, que não teve seu nome divulgado.
Às 11h de sexta (2), os advogados abrirão os trabalhos com uma sustentação oral junto ao Tribunal de Disciplina, apresentando provas em áudio e vídeo para sustentar a tese de interferência do técnico do River Plate, Marcelo Gallardo, que estava suspenso. Depois, será a vez do clube argentino apresentar sua defesa. O resultado não será dado imediatamente, em frente aos advogados. Horas depois (espera-se que ainda na sexta) será publicada uma nota no site oficial da entidade.
O Tribunal de Disciplina da Conmebol é composto por cinco membros. Por motivos óbvios, o brasileiro Antonio Carlos Meccia e o argentino Diego Carlos Hernán Pirota estarão impossibilitados de tomar decisões. Restam, assim, três nomes: o paraguaio Eduardo Gross Brown, a venezuelana Amarilis Belisario e o chileno Cristóbal Valdés.
— O Tribunal de Disciplina da Conmebol e o regulamento de disciplina é uma versão simplificada dos nossos tribunais desportivos nacionais. Sua criação teve muito mais inspiração nas cortes desportivas da Uefa, do que propriamente a brasileira. No Brasil, a decisão é tomada na hora e na Conmebol pode simplesmente ser publicado no site — declarou um advogado especializado em direito desportivo, que não quis ser identificado.
Acontece que, dependendo da complexidade do caso, apenas um dos membros avalia a pauta e impõe uma pena. Foi assim, por exemplo, que a julgadora venezuelana multou o Tricolor em US$ 5 mil (quase R$ 18 mil) quando torcedores acenderam objetos pirotécnicos na arquibancada da Arena, no jogo de volta das quartas de final, contra o Atlético Tucumán.
Da mesma forma que a própria suspensão do técnico Marcelo Gallardo foi uma decisão única do chileno Valdés; o paraguaio Gross Brown aplicou pena igual a Guillermo Schelotto, treinador do Boca Juniors, para o segundo jogo contra o Palmeiras. Todos os membros só são convocados a participar apenas em julgamentos mais complexos, como na escalação irregular do meia Carlos Sánchez pelo Santos, que gerou sua posterior eliminação. E assim será neste sábado mais uma vez.
O próprio Grêmio já foi alvo de análise do Tribunal completo neste ano. Ainda em fevereiro, Brown e Belisario — mais o chileno Juan Carlos Silva (que já deixou o cargo) —, aplicaram multa de US$ 112 mil (mais de R$ 350 mil) ao Grêmio. A punição levou em conta um dossiê entregue pelo clube gaúcho aos patrocinadores do torneio, denunciando os erros de arbitragem antes da final da Libertadores de 2017. Desta vez, no "Caso Gallardo", o Grêmio espera obter um resultado diferente.
— Há o precedente do Santos, da Chapecoense e em outras federações. Esperamos que se faça a justiça - disse o presidente gremista Romildo Bolzan Júnior em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira.