Na terça-feira (23), ao receber do árbitro peruano Víctor Hugo Carrilo seu terceiro cartão amarelo, na vitória do Grêmio por 2 a 1 contra o River Plate, no Monumental de Núñez, Kannemann abriu um raro flanco de insegurança entre uma torcida que vê como muito próxima a classificação à final da Libertadores.
Bressan, substituto natural do argentino, por também ocupar o lado esquerdo da zaga, jamais foi uma unanimidade entre os gremistas. Não por acaso, em enquetes realizadas por emissoras de rádio pouco depois da partida, muitos torcedores cogitaram que Renato optasse por Paulo Miranda, o que forçaria Geromel a trocar de lado.
A entrada de Paulo Miranda, contudo, não é uma tendência. A razão mais forte é a confiança do treinador no ex-zagueiro do Juventude, que já soma seis anos de Grêmio, com breves saídas para Flamengo, em 2015, e Peñarol, em 2016.
Contam a favor de Bressan os dois momentos em que ele correspondeu ao ser chamado em situação de emergência. Dia 23 de agosto de 2017, na partida de volta contra o Cruzeiro, no Mineirão, pelas semifinais da Copa do Brasil, ele assumiu no lugar do lesionado Geromel e controlou bem tanto a Elber quanto a Raniel, os dois centroavantes utilizados naquela noite pelo time mineiro. Em 29 de novembro, Kannemann também cumpria suspensão e Bressan foi eficiente parceiro de Geromel na vitória por 2 a 1 contra o Lanús, que garantiu o tri da Libertadores.
O que compromete sua imagem é o retrospecto recente. Na derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, dia 14, pela 29ª rodada, ele foi vencido pelo centroavante Deyverson nos dois gols. No segundo deles, com direito a queda no gramado do Pacaembu. Uma semana mais tarde, seu erro em tentativa de cabeceio permitiu que Juninho marcasse para o América-MG.
— A cultura do futebol é sempre achar um culpado — defende-se Bressan, sem aparentar insegurança diante das adversidades.
A personalidade firme é um dos atributos que faz Renato confiar no jogador. Em 2013, contratado pela segunda vez para salvar o time de uma situação delicada no Brasileirão, o técnico fez de Bressan um de seus titulares durante toda a sequência da competição:
— Ele tem a minha confiança. É inteligente, um bom jogador.
Ex-zagueiro do Grêmio e hoje empresário com trânsito entre os grandes clubes do planeta, Baidek, campeão da Libertadores e do mundo em 1983, entende que Bressan já teve tempo suficiente para superar as falhas cometidas contra o Palmeiras. Entende que a entrada de Michel, um volante com mais características de marcação, poderá oferecer mais segurança ao zagueiro.
— Bressan é um jogador que tem a confiança de Renato e de todo o grupo. Já provou seu valor em jogos decisivos, em um passado recente. Só precisa entrar em campo mais atento — entende.
Para Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, ex-presidente e vice de futebol do Grêmio, qualquer treinador enfrentaria dificuldade para escolher um substituto para Kannemann. Uma qualidade, contudo, leva o colunista do Dário Gaúcho a ter confiança em Bressan.
— Ele tem uma grande virtude que é a valentia. É um jogador muito corajoso — afirma Cacalo.
Diferentemente de Bressan, que atua pelos dois lados da defesa, Paulo Miranda sente-se à vontade apenas pela direita. No Gauchão, antes que os titulares fossem escalados reverter uma situação delicada que havia sido criada pela equipe de transição, atuou ao lado do garoto Mendonça. Nas outras vezes, fez parceria com o próprio Bressan, além de Kannemann e Marcelo Oliveira. É o que leva a crer que, contra o River Plate, a chance, outra vez, será de Bressan.
— Paulo Miranda é mais zagueiro do que Bressan. Mas cabe a Renato entender se é conveniente ou não trocar o posicionamento de Geromel — observa Cacalo.
Com a experiência de quem já atuou no setor, Baidek considera arriscada uma troca de lado de Geromel para o aproveitamento de Paulo Miranda. Entende que Bressan terá capacidade suficiente para encarar o desafio:
— Ele sabe que não se pode falhar nesta posição. Qualquer descuido pode ser fatal. Certamente irá tirar proveito da segurança que é passada pelos outros defensores.
Os candidatos ao posto de Kannemann
Bressan
- 27 jogos
- 1 gol
Paulo Miranda
- 19 jogos
- 1 gol