A festa feita pelos torcedores do Grêmio a caminho de casa contrastava com o tom de seriedade que Renato Portaluppi imprimia a sua entrevista coletiva depois da goleada de 5 a 1 contra o Santos, neste domingo (6), na Arena.
Ao mesmo tempo em que envaidece o treinador e serve como um certificado de aprovação de aprovação ao seu trabalho, a enxurrada de elogios feitos ao seu time em todas as partes do país o convence de que é proibido relaxar.
Renato vê o Grêmio em nível mais elevado do que no ano passado, finalizado com a conquista do tricampeonato da Libertadores. Diz não enxergar limites se o desempenho for mantido, mas, em suas palavras, mais de uma vez, usou a expressão "pezinhos no chão".
— O torcedor tem que aproveitar o momento, se divertir e tirar onda. Hoje é o Grêmio, amanhã, pode ser outro clube. O que mais me alegra é vê-lo feliz. Só que, dos portões para dentro, o discurso é outro — avisou o técnico.
O mesmo discurso de cautela foi usado pelo vice de futebol Duda Kroeff, que externou sua preocupação com as comparações feitas com as equipes de 1983 e 1995, apontadas por muitos torcedores e críticos como as melhores da história do clube.
— Temos que fazer o possível para evitar o salto alto. Quando os elogios são demais, o jogador pode achar que não deve fazer tanta força. Por sorte, este grupo é excelente, tem a cabeça no lugar — disse Duda, que acrescentou: — Evito falar que é o melhor Grêmio de todos os tempos. Mas está difícil evitar este tipo de comentários.
A necessidade de melhorar o desempenho, ainda que o Grêmio tenha marcado 10 gols nos dois últimos jogos e sofrido somente um, foi ressaltada por Renato. O técnico disse ter conversado antes da partida contra o Sport com direção e jogadores e alertou que a cobrança por resultados irá aumentar a cada jogo.
— Não temos um time imbatível. Não estou comparando, mas, se as maiores equipes do mundo, como Barcelona, Real Madrid, OSG e Manchester City, têm sempre que apresentar algo mais, é lógico que também precisamos melhorar — destacou. — Para algumas pessoas, as vitórias escondem os erros. Para mim, não escondem.
Renato reafirmou que será impossível manter a mesma intensidade em três competições simultâneas. Com isso, praticamente antecipou equipe reserva contra o Goiás, quarta, na Arena, pela Copa do Brasil. O Grêmio voltará ter força máxima contra o Inter, sábado. A partir de quinta, o técnico pensará no substituto de Ramiro, punido ontem ao final do jogo com o terceiro cartão amarelo.
— Eu já havia avisado que não era para cometer nenhum tipo de falta porque o jogo já estava definido. Infelizmente, ele fez e tomou o terceiro— lamentou, sem revelar se pretende dar chance a Alisson no clássico.
No único instante da entrevista em que se permitiu descontração, Renato revelou que premiará com um carro popular o jogador que marcar um gol de bicicleta durante um jogo, repetindo seu feito na época de atacante. Salientou que o prêmio não vale para gols feitos em treinamento, como ocorreu no sábado, com Vico.
— Se machucar a coluna, o prejuízo é dele — brincou.