A possibilidade de o Campeonato Gaúcho ser concluído com jogos em sedes reduzidas, assunto discutido entre a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e o Governo do Estado, exigirá que clubes abram mão de jogar em suas cidades para a reta final do torneio. São Luiz, Ypiranga, Pelotas e Brasil-Pel terão de deixar até mesmo suas regiões para as partidas finais da competição, que certamente serão realizadas sem público nos estádios.
Após avançar na proposta de conclusão do Gauchão com jogos apenas em Porto Alegre e Serra em conversa com o secretário de Esporte e Lazer do Estado, Francisco Vargas, o presidente da FGF, Luciano Hocsman, irá se reunir com o governador Eduardo Leite na próxima semana, quando já terá havido uma nova atualização das bandeiras que classificam as situações sanitárias de cada município sobre a pandemia de coronavírus.
Neste momento, ainda há incerteza entre os clubes sobre a forma como o campeonato será encerrado. O São Luiz, uma das equipes que terá de atuar longe de sua região dentro da nova proposta, espera contar com um apoio da FGF nos custos de deslocamento e hospedagem para os jogos finais do Gauchão.
— Nós somos parceiros da Federação e dos demais clubes para encontrar uma solução para acabar o campeonato dentro de campo. O que for melhor para os 12 clubes, incluindo o São Luiz, nós vamos aceitar. Com portões fechados já é um prejuízo grande, imagina então ficar uma semana longe. Se a Federação bancar as despesas, facilita — espera o presidente do São Luiz, Pedro Pittol. Ijuí fica a quase 400 quilômetros de Porto Alegre e Caxias do Sul - as duas cidades mais cotadas para receber os jogos.
Outro clube que jogará longe de sua casa é o Ypiranga. A direção do clube de Erechim — distante quase 400 quilômetros de Porto Alegre e cerca de 300 quilômetros de Caxias do Sul — avalia que o prejuízo não será tão grande. O Ypiranga poderá até sofrer uma inversão de mando de campo se o jogo contra o Caxias, marcado para o Colosso da Lagoa pela tabela original, ocorrer na Serra.
— Seria muito bom se a FGF pudesse pagar esse custo. Caso não possa, não é um acréscimo muito significativo em relação aos custos que já temos. Calculamos em oito dias de hospedagem e alimentação em uma sede. Sobre alimentação temos o custo aproximadamente igual se ficarmos na nossa cidade. No final não será muito significativo o acréscimo de custo — avalia o presidente do Ypiranga, Adilson Stankiewicz.
Indefinição sobre o Bra-Pel
Se confirmada, a disputa da reta final do Campeonato Gaúcho apenas na Serra e na Capital, o Bra-Pel não será jogado na cidade de Pelotas. Marcado para a quarta rodada, a próxima, o clássico deveria ocorrer na Boca do Lobo. Ainda que Pelotas seja a única cidade que tenha equipes no Gauchão com a bandeira amarela do governo do Estado, os dois clubes ainda não estão autorizados sequer a treinar.
Os presidentes de Pelotas e Brasil vão se reunir com a prefeita Paula Mascarenhas até o final da semana para discutir questões relacionadas aos treinamentos. Ainda que não haja possibilidade de contar com torcedores, o Pelotas nutre a esperança de que o clássico seja realizado na cidade e só depois as delegações dos clubes viagem para as partidas finais do Gauchão.
— O Pelotas é um dos mais prejudicados porque tinha dois jogos em casa, um o Bra-Pel. Mesmo sem torcida, é diferente jogar em casa. Não vejo por que os dois clubes viajarem para jogar em Caxias do Sul. Nossa ideia é de que possamos jogar o Bra-Pel em Pelotas e depois viajar para a Serra (Pelotas e Brasil enfrentam Caxias e Juventude, respectivamente, na rodada seguinte) — sustenta o presidente do Pelotas, Gilmar Schneider.
Schneider, no entanto, não encontrará no Brasil um parceiro na tentativa de que o Bra-Pel ocorra na Boca do Lobo.
— O Brasil está aberto para todas as possibilidades que existem em termos de terminar o campeonato. Obviamente, quem é das cidades que serão sede terá alguma vantagem, mas esse tudo é atípico nesse momento. Essa é uma situação fora da curva (jogar as partidas finais fora de Pelotas), mas creio que não será determinante para o resultado — afirma vice-presidente xavante Giovanni Alcantara.
A fase classificatória do segundo turno do Gauchão ainda três rodadas para ser disputada. Nenhum clube está eliminado matematicamente da competição. Em reunião realizada em maio ficou definido que o campeonato deste ano não terá rebaixamento.