O Juventude alcançou um novo patamar no futebol feminino. No sábado (27), as Gurias Jaconeras derrotaram o Pinda-SP nos pênaltis e garantiram o acesso à Série A-2 do Brasileirão Feminino. A campanha, até a ascensão, contou com quatro vitórias e dois empates. Além 14 gols marcados e quatro sofridos.
Mas, até chegar a este resultado, muita coisa aconteceu. Em 2021, o Juventude reabriu o departamento e não fez uma boa temporada. Em 15 jogos, apenas uma vitória conquistada — na Copa Gaúcha sub-17. A partir de então, veio a avaliação interna de mudanças para o ano subsequente.
Em 2022, o Juventude passou por uma grande reformulação. Renata Armiliato assumiu a coordenação do departamento e trouxe Luciano Brandalise para ser o técnico do grupo. Junto dele, chegaram ao clube o analista de desempenho Rodrigo Pizzamiglio e o preparador físico Cristian Giacomoni. Gabriel Rosano, por sua vez, seguiu como preparador de goleiras.
— Ninguém faz nada sozinho. Eu, se tivesse assumido e não tivesse trazido o Luciano (Brandalise, técnico) para junto desse projeto. Se o Luciano não tivesse trazido o Cris (Giacomoni, preparador físico), se não tivesse trazido o Rodrigo (Pizzamiglio, analista de desempenho), o Gabi (Rosano, preparador de goleiras), não conseguiríamos chegar a lugar nenhum. Então, essa é a chave para a nossa ascensão, para o nosso trabalho, é a união que temos dentro da nossa comissão — enfatizou Renata Armiliato na entrevista coletiva após o acesso.
No elenco, também foram muitas caras novas. A zagueira Priscila, por exemplo, que foi titular no jogo do acesso, chegou ao Juventude naquele início de ano. Assim como a lateral Katriny, a meia Bianca Leal, as atacantes Lari Soares e Sara Bagé, que integram o elenco sub-20. Em dois meses de trabalho, os primeiros resultados: vitórias sobre Avaí Kindermann e Botafogo-PB no Brasileirão da categoria. As primeiras no cenário nacional desde a reabertura do departamento.
Depois disso, no entanto, um tropeço significativo no Brasileirão A-3. Diante do Flamengo de São Pedro, que havia sido campeão do Interior no último Gauchão, a eliminação na fase inicial. Foram duas derrotas para decretar a eliminação na competição — 2 a 1, em casa, e 3 a 0, fora. Eram míseros três meses de trabalho naquele momento. Mas, mesmo assim, a eliminação foi sentida e lembrada recentemente.
— As meninas sofreram no ano passado, quando jogamos com um time sub-20. E nós baixamos a cabeça e trabalhamos. Nós amamos trabalhar com futebol, é a nossa vida. É por isso que nós subimos — ressaltou o técnico Luciano Brandalise, em entrevista coletiva após o acesso.
Como enfatizou o treinador, após a eliminação, o Juventude redobrou os trabalhos. Um mês depois, se iniciava o Gauchão e era necessário buscar a vaga na Série A-3 através dele. Foi então que reforços desembarcaram em Caxias do Sul: a goleira Renata May e a meia Bruna Lisandra são alguns dos nomes que estrearam na competição estadual.
Durante o Estadual, uma campanha hegemónica. Diante dos times do Interior, foram nove vitórias em 10 jogos. Além de 47 gols marcados e apenas três sofridos. O trabalho praticamente irretocável foi premiado com a terceira colocação no Gauchão e, por óbvio, com a vaga na Série A-3.
— É um dever cumprido. Nós falamos, antes do jogo, que eram 90 minutos (contra o Pinda) que valeriam por um ano inteiro. Então, desde o momento em que aceitamos esse desafio, não só este ano, mas no ano passado também, era nosso objetivo levar o Juventude ao lugar onde ele sempre deve estar. Então, vemos que nosso trabalho está dando resultado. Viemos de um 2022 em que fomos campeões do Interior. Não ganhamos essa vaga (à Série A-3), nós brigamos por ela e agora temos seis meses para pensar no ano que vem — contou a coordenadora Renata Armiliato.
Foi com muita briga e luta que o Juventude conseguiu mudar de patamar no cenário nacional. Nesta temporada, mais reforços foram buscados no mercado e os objetivos cresceram: uma grande campanha no Brasileirão sub-20 foi construída — com uma emblemática vitória sobre a Ferroviária, inclusive, uma das grandes forças do futebol feminino brasileiro.
Na Série A-3, a meta sempre foi clara: subir. Para isso, as volantes Alice e Katy, a zagueira Alessandra, a lateral Bella, a meia Bruninha e as atacantes Thalita, Aninha e Vanice desembarcaram no Alfredo Jaconi. Com um time forte, reforçado por peças dos mais diversos times brasileiros, o Juventude conseguiu atingir o objetivo. E de forma majestosa. Foram quatro vitórias e dois empates. Apenas quatro gols sofridos e 14 marcados até o último sábado.
Agora, as Gurias Jaconeras estão entre as 32 melhores equipes de futebol feminino do Brasil. Além disso, também conquistaram o primeiro acesso de um time do Interior gaúcho. A história segue sendo escrita em Caxias do Sul. E a meta é ir cada vez mais longe.
— Acho que uma equipe que se acomoda num lugar não evolui. Então, a gente sempre espera algo a mais. Eu acredito que a torcida também sempre espera crescer. Então, a gente não pode prometer coisas, mas vindo da comissão e das atletas, pode ter certeza que sempre vamos querer lutar e querer um pouco a mais e do que nos anos passados — finalizou Renata Armiliato em entrevista coletiva.
No próximo final de semana, com datas ainda indefinidas, elas voltam a campo pela Série A-3 contra o Mixto-MT. Com o acesso garantido, o sonho é de título. E, depois, o Gauchão fechará o calendário das adultas. Uma final, antes utópica, já aparece no horizonte.