Em meio à euforia e à celebração que marcaram a Copa do Mundo de 2014, uma história de amor começou a ser escrita em Porto Alegre, mais precisamente nas ruas Lima e Silva e República. Ela, Marcela, gaúcha e com as amigas no bairro Cidade Baixa para acompanhar um jogo da Seleção Brasileira no Mundial. Ele, Rowan, um australiano que viajou junto do irmão para assistir às partidas da seleção de seu país no Brasil.
No dia seguinte, Austrália e Holanda se enfrentariam no Beira-Rio. O encontro casual em um bar durante a partida entre Brasil e México desencadeou uma conexão imediata. Agora, uma década depois, Marcela e Rowan moram em Sidney e há dois anos viram o nascimento de Leo, o filho "australiúcho", que é bilíngue e torcedor do Grêmio e do Sydney FC, ambos azuis.
— Temos o Leo, nosso menino, de dois anos e quatro meses. Nascido aqui, mas bilíngue. Gaúcho mesmo e torcedor do Grêmio. Ele tem os dindos em Porto Alegre, que são colorados, mas minha família é toda gremista, então não tem jeito. Aqui o time do Rowan é o Sidney FC, que também é azul e tem os rivais vermelhos (Western Sydney Wanderers). Também temos um cachorro, que foi nosso primeiro "filho". Primeiros adotamos um cachorro, depois amadurecemos a ideia de ter um filho — revela Marcela Dal Corso Silveira.
Em 2017, contamos como Marcela e Rowan se conheceram e enfrentaram a ponte aérea entre Porto Alegre e Sydney nos primeiros anos, até a realização de um casamento bilíngue na Capital e a mudança definitiva dela para a Austrália. Da conversa que durou até madrugada na Cidade Baixa, mesmo com a chuva caindo, o amor superou alguns desencontros na sequência e floresceu através de conversas pelo Facebook, viagens pelo mundo e uma grande determinação para se adaptar ao fuso horário (13 horas de diferença).
— Todos os bares estavam lotados pois holandeses e australianos estavam em Porto Alegre para o jogo deles. Não conseguimos entrar, mas ficamos do lado de fora do Pinguim. Quando eu e as gurias fomos tirar uma selfie, uns australianos se enfiaram na nossa foto. E aí eu fiquei conversando com o Rowan. Meu inglês era quebrado, mas eu entendi que ele fazia marketing. Isso nos conectou, pois eu estudava Relações Públicas. Falamos de música, ele gostava de Coldplay e eu também. Deu para perceber que era um cara bem interessante — recorda Marcela.
E pensar que o encontro só ocorreu pois os australianos não conseguiram entrar na fanfest, no Anfiteatro Pôr do Sol, pois ela já estava lotada. Por isso, decidiram ir para a Cidade Baixa.
— E foi assim que tudo começou. Uma loucura. Se tivéssemos chegado na hora certa para a fanfest, como planejamos, nunca teríamos nos conhecido. Então é uma loucura como as coisas acontecem — destaca Rowan.
Dez anos depois, ele confessa que não imaginava que uma viagem ao Brasil para acompanhar a seleção da Austrália na Copa do Mundo fosse gerar um casamento com uma brasileira.
— Nunca foi a intenção. Definitivamente, fui para lá pensando na própria Copa do Mundo. Estar em um Mundial estava na minha lista de desejos da vida. Mas mudou — conta.
Voltar a uma Copa do Mundo, agora em três, é um dos objetivos da família. O Mundial Feminino, que será realizado no Brasil, em 2027, é uma das possibilidades. Entretanto, para a alegria de Leo, a prioridade deles neste momento é ir à Disney.
— A gente falava em ir para uma Copa do Mundo para simbolizar a nossa relação. Com o Leo, mudou um pouco, agora pensamos em ir a uma Disneyland. Mas sempre temos um carinho especial pela Copa, afinal, se não fosse ela, Rowan não teria ido ao Brasil, eu não estaria na Cidade Baixa e nossa história seria outra.