Edenilson estava no lugar certo aos 13 minutos do segundo tempo. Quando Uendel preparou o cruzamento, o volante, que já se destacava pela marcação, ao lado de Rodrigo Dourado, adiantou-se a Bruno Cortez e torneou de cabeça, sem chances para Marcelo Grohe.
Quase duas horas depois do clássico, ele ainda era abordado pelos repórteres para que explicasse como havia surgido o gol.
— É uma jogada que a gente trabalha. O professor (Odair Hellmann) pede para a gente entrar na área como surpresa, já que os defensores já estão ocupados com os atacantes. Foi o gol mais importante da minha carreira — avaliou.
Edenilson fez questão de dividir os méritos com Uendel. Lembrou que, por força de lesão, o lateral-esquerdo fez no clássico sua segunda partida no Brasileirão.
— Foi praticamente um passe, não uma bola alçada por alçar. É preciso acreditar sempre que a bola vai cair onde você pode entrar.
A confusão no final da partida, quando os dois times já entravam no vestiário, mereceu seu repúdio. Para Edenilson, que deu entrevistas acompanhado do filho Murilo, é preciso passar bons exemplos às crianças. Ele também lembrou do Gre-Nal do primeiro turno, em que Renato, incomodado com a retranca colorada, acusou o Inter de jogar como time pequeno:
— Quem fala isso tem que estudar um pouco a história do Inter.
No momento de maior pressão do Grêmio, Lomba foi decisivo
A tentativa de reação do Grêmio no clássico esbarrou nas mãos do carioca Marcelo Lomba, 32 anos, 1m89cm. No clássico vencido por 1 a 0 pelo Inter, foram três os momentos em que sua destreza foi decisiva para que o empate não se concretizasse.
Na primeira, ele defendeu conclusão um tanto atrapalhada de André, depois que este dividiu com Uendel. Depois, Lomba "cresceu" à frente de Geromel, quando o zagueiro gremista surgiu desmarcado na área do Inter. Por fim, girou o corpo a tempo de defender o arremate do jovem Jean Pyerre.
Performance tão boa não chega a surpreender para quem, chamado na emergência, faz uma temporada sem reparos. Marcelo Lomba assumiu a posição depois da vitória por 3 a 0 contra o Botafogo, pela 16ª rodada, partida em que Danilo Fernandes rompeu o tendão do ombro direito.
Sua caminhada teve início no jogo seguinte, o da chuva de granizo, em Belo Horizonte, finalizado com vitória por 1 a 0 frente ao Atlético-MG. Fez três defesas decisivas e mereceu nota 8 na cotação de GaúchaZH.
Desde então, foram mais sete partidas, contra Fluminense, Paraná, Bahia, Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo e Inter, com desempenho que não deixou saudades do antigo titular. Nesse período, sofreu apenas o gol de Vitinho.
Ao todo, são 10 jogos de Lomba no Brasileirão e dois gols sofridos, média de 0,2 por partida.
— Para o goleiro, é muito bom entrar em um time sólido. Os jogadores têm dado confiança. Isso dá muita tranquilidade — diz o jogador, ao dividir com todo o grupo os méritos da boa fase.
Contratado em 2016, Lomba já havia sido a solução no Gauchão de 2017, quando Danilo fraturou um dedo do pé e ele assumiu o gol. Depois, foi sua vez de sair, por força de uma lesão muscular na coxa direita, em meio à semifinal contra o Caxias. Na decisão, contra o Novo Hamburgo, mesmo lesionado, Lomba ficou no banco e ainda entrou nos minutos finais no Beira-Rio.
Jean Pyerre, a inesperada aposta de Renato
Eram 28 minutos do segundo tempo. O Grêmio pressionava em busca do empate e Renato viu no garoto Jean Pyerre, 20 anos, uma tentativa de aumentar o volume ofensivo e não hesitou em retirar a estrela Luan. A estratégia esteve bem perto de dar certo.
Cria da base e agora convertido em meia, diferentemente do início na trajetória entre os profissionais, quando atuava como volante, o garoto nascido em Alvorada primeiro passou a abastecer o ataque com passes certeiros. Depois, tentou os arremates, um deles defendido por Marcelo Lomba.
Aos olhos da torcida, surge uma alternativa importante para a sequência da temporada. Talvez até na Libertadores, que ainda permitirá novas inscrições nas próximas fases.
— Estamos tentando corrigir algumas coisas. Vemos muita qualidade nele. Com certeza, tem muito a acrescentar — avaliou Renato, em um dos poucos momentos de sua entrevista coletiva em que o assunto não foi a briga no vestiário.
Jean Pyerre surgiu em 2017. Destaque da base, disputou no início jogos pela Primeira Liga. Mais tarde, foi aproveitado no Brasileirão. Passou a ser olhado com maior atenção pela torcida contra o Atlético-MG, no Independência. Apesar da derrota de 4 a 3, foi eleito o melhor jogador em campo, com direito a gol.
No início deste ano, afundou no Gauchão junto com o time de transição. Voltou a treinar em Eldorado do Sul até ser resgatado por Renato na metade do ano. Agora, as chances tendem a aparecer com maior frequência.
— Ele sabe jogar chegando na área do adversário. Tentei fazer isso com o Arthur. Tem qualidade. Então quanto mais perto da área do adversário — avalia o técnico.