Venceu o melhor em campo. Venceu quem entrou no Gre-Nal para jogar como se fosse o último jogo da vida. O Inter ganhou de 1 a 0 e, com essa vitória, ganha ainda mais músculos na sua caminhada pelo título brasileiro. Manter a liderança do campeonato ganhando do maior rival serve para colocar a confiança de todo o contexto colorado nas nuvens.
Depois de um primeiro tempo insosso, sem sal e nem graça, o gol de Edenilson iluminou o Gre-Nal. A vantagem deixou o jogo à feição do Inter. Trata-se de uma equipe que se defende muito bem, com solidez impressionante e não se constrange de dar a bola ao adversário e especular. Assim, quase chegou ao segundo gol. Assim, venceu o clássico e acelerou um pouco mais na estrada que leva ao título.
Para o Grêmio, o saldo do clássico, além do amargor de perder para o rival, é o de ficar quase alijado da corrida pelo título. O time sentiu os desfalques, como qualquer time sentiria. Ficar sem Kannemann, Maicon e Everton, três dos cinco melhores jogadores do time, pesou muito. Mas não pode esconde algumas individualidades.
Geromel voltou muito abaixo da Copa da Rússia. Comete erros pontuais que, antes da Seleção, não cometia. André é um centroavante pouco sanguíneo numa posição que exige exatamente isso, ser sanguíneo. Não decolou ainda, e já se passaram quase seis meses desde sua chegada. Luan tem sido ausente no papel que é dele, de desequilibrar, de achar espaços que ninguém vê.
Por outro lado, o clássico mostrou aos gremistas um nome que logo ali será titular. Jean Pyerre entrou com uma serenidade de veterano e, foi a partir dele, que o Grêmio criou e ameaçou Lomba. Para um menino de 20 anos que entra em um Gre-Nal quente como esse e mostra tanta qualidade, podem escrever, a ascensão será questão de tempo. Pouco tempo.
Sobre as confusões de vestiário, tenho pouco a dizer. Passamos a semana pedindo para os torcedores agirem com civilidade e respeito. E eles, salvo raríssimas exceções, agiram com civilidade e respeito. Coube aos jogadores e a Renato agir como torcedores. Quando a flauta entra no ambiente dos profissionais, a chance de descambar para o espetáculo grotesco a que assistimos é imensa. E essa confusão, é bom que se diga, começou faz tempo, com provocações de lado a lado. Não há mocinhos nesse filme.