O ministro da Educação, Camilo Santana, retornou ao Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (7) para, acompanhado dos ministros Paulo Pimenta, da pasta extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do RS, e Waldez Góes, do Desenvolvimento Regional do Brasil, visitar uma escola em São Jerônimo e receber demandas do Estado, municípios e instituições no processo de recuperação das condições de ensino após a enchente.
Em São Jerônimo, na Região Carbonífera, os três ministros conheceram a Escola Municipal Padre Luiz de Nadal, que até pouco mais de duas semanas atrás, estava com água até a altura do telhado, trazida pela inundação do Rio Jacuí. Na última terça-feira (4), a instituição já conseguiu retomar as aulas presenciais.
— A escola estava praticamente submersa. E está linda a escola, por todo o esforço da comunidade escolar. Primeiro, disponibilizamos recursos para fazer a limpeza das escolas. Agora, nós vamos repassar recursos, também diretamente para as escolas, para elas poderem também fazer o reparo da pintura, do telhado, reparar alguma carteira que tiver sido danificada — destacou Santana, durante a vistoria.
A diretora da Padre Luiz de Nadal, Alessandra Pereira, pontuou a participação da comunidade escolar para chegar a esse resultado tão rapidamente.
— Eu sempre gosto de ressaltar que a escola está em pé e está funcionando pela coragem e pelo esforço de todas as pessoas que trabalham aqui dentro. Cada professor, cada funcionário, cada estagiário, cada pessoa contribuiu muito com a sua energia, com o seu esforço, com o seu tempo, com a sua coragem para que a escola pudesse estar recebendo os alunos — salientou Alessandra.
Para Pimenta, a história da escola é um símbolo desse momento o que o Estado vive.
— A gente ficou orgulhoso do exemplo de vocês (comunidade escolar), que é inspiração para toda essa luta pela construção em desenvolvimento, com apoio do presidente Lula, o ministro Camilo, o FNDE. Podem ter certeza de que vão ter todo o apoio para melhorar ainda mais aquilo que vocês já conquistaram —ressaltou o ministro.
Demandas dos municípios
Durante a visita de Santana, duas reuniões buscaram ouvir as demandas dos municípios, uma com os da Região Metropolitana, especificamente. O ministro relatou que a ideia é dividir as necessidades das escolas em três níveis: baixo, médio e grande impacto. Essa divisão servirá para estipular valores a serem destinados para as instituições.
Ainda não está definido se o encaminhamento desses recursos acontecerá diretamente para as unidades escolares ou para as prefeituras. Outro ponto ainda em levantamento pelos municípios, a pedido do governo federal, é qual a necessidade de aluguel de espaços, em situações em que os locais atingidos não tiver condição de receber aulas agora.
O secretário municipal de Educação de Porto Alegre, Maurício Cunha, entregou, na ocasião, um ofício no qual apresenta dados referentes à Capital, que estima mais de 160 mil habitantes atingidos pela cheia em quase 94 mil residências. Relatórios técnicos preliminares apontam danos em 41 escolas, sendo 14 municipais e 27 conveniadas. A pasta solicita que a União apoie a prefeitura na reconstrução desses espaços com um repasse de R$ 45 milhões.
— Para além dos cadastros de demandas junto ao governo federal que já realizamos, entreguei em mãos ao ministro um panorama do gigantesco impacto das enchentes à educação da Capital. São mais de 6 mil alunos matriculados nas escolas afetadas que precisam urgentemente de medidas imediatas, além, é claro, do apoio para a reconstrução das unidades, algumas delas ainda alagadas — relata Cunha.
No início da semana, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) sequer havia conseguido entrar em três escolas tomadas pela água, sendo duas no bairro Sarandi e outra no São João.
Durante a reunião, Santana citou algumas das medidas já tomadas pelo MEC. Entre elas, está a isenção do pagamento e a prorrogação do tempo de inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para candidatos do RS, a suspensão da exigência de 80% da frequência escolar para estudantes gaúchos receberem a bolsa do programa Pé-de-Meia e o repasse de recursos emergenciais a universidades e institutos federais.
Representante do Fórum dos Reitores das Universidades Públicas e Institutos Federais do Rio Grande do Sul, o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luciano Schuch, apresentou aos ministros a proposta de criação de um Centro de Monitoramento de Eventos Extremos e Mudanças Climáticas no Sul do Brasil.
— Esse projeto foi apresentado em outros momentos, mas nós reforçamos agora a importância de ter esse centro aqui no Rio Grande do Sul, para nós podermos monitorarmos e ter maior previsibilidade de eventos como esse, trabalhando também na preparação e mitigação dos riscos que esses eventos causam para a nossa população e para a economia do nosso estado — pontuou Schuch.
Outro projeto debatido foi a realização, por meio da extensão, de imersões nas cidades e comunidades devastadas pela enchente, a fim de que as universidades criem diagnósticos e intervenções nas comunidades.