O pátio com bancos coloridos, as telas de proteção ao redor da quadra poliesportiva, o cheiro de comida perto do horário da merenda e aquele barulho da sineta que anuncia o recreio. Há cerca de dois meses, quando chegou na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Theodoro Bogen, em Canoas, era isso que Lorenzo Mauer, sete anos, queria conhecer.
E ele nem é aluno novo na escola, é mais um da geração afetada pela covid-19. Seu primeiro semestre no 1º ano do Ensino Fundamental foi feito todo em casa. Pela webcam do notebook mostrou o rosto e conheceu colegas e professores, conectados, mas ao mesmo tempo, distanciados fisicamente. Agora, vivencia pela primeira vez uma experiência escolar que existia até o pré-pandemia.
— Gosto muito mais de estar aqui na escola. Agora, estou até fazendo amigos — comemora o garoto, sob o olhar orgulhoso da mãe, Melissa Mauer, 41 anos, que é professora na mesma escola.
Do mundo antes da covid-19, o ato de se deslocar até a escola para assistir às aulas é um das poucas partes do processo que deve ser mantida — e ainda assim, não de maneira integral, pois o ensino híbrido veio para ficar, como você vai entender nesta reportagem. A nova escola deve ser receptiva, tirando o professor do papel de disseminador único do conhecimento e tornando ele parte do processo de aprendizagem, tanto quanto os alunos, que também deixam de ser apenas receptores. Isso é que estudiosos da área têm percebido ao se debruçar sobre o tema.
Mudanças na rotina
As tecnologias inseridas no ambiente escolar de maneira abrupta com a pandemia obrigaram os olhos de crianças e adolescentes a se prenderem ainda mais aos telefones e computadores. E também vieram para se perpetuar. Se antes a sala de aula tinha um aviso claro de "proibido mexer no celular" fixado na porta, agora, o equipamento tornou-se parte indispensável do processo de aprendizagem. Só no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc-RS), adquiriu 50 mil chromebooks (notebook com sistema operacional do Google, o Chrome OS). O número cobre toda a rede de professores do Estado, inclusive os temporários.
O que é jornalismo de soluções, presente nesta reportagem?
É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.
As aquisições serviram para que as aulas remotas pudessem acontecer, mas agora, esses equipamentos estão nas salas de aula. A ficha de chamada, a lousa e o giz deram lugar a pinceis atômicos, projetores e presença confirmada por meio de aplicativo. Buscar o boletim na escola? Nada disso, as notas podem ser conferidas na palma da mão.
Métodos em estudo, exemplos criados em outros locais e ações que já estão em prática são possíveis soluções e caminhos para a educação pós-pandemia. E nesta reportagem, esses pontos são levantados e discutidos por especialistas da área, entes do setor público e os principais agentes escolares: professores e alunos.