Cercado por dezenas de jornalistas assim que desceu do palco do 21º Fórum de Ensino Superior (Fnesp), em São Paulo, onde fez um pronunciamento no final da manhã desta quinta-feira (26), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, mostrou-se solícito para responder aos questionamentos. O afluxo de gente na direção do titular do MEC foi tão grande e rápido que o próprio entrevistado pediu que todos se dirigissem a um local mais afastado para não atrapalhar — mas já atrapalhando, e muito — a palestra seguinte, que começava.
— Fez pergunta errada, eu vou embora. Tá bom? É justo? Quem fizer uma pergunta maldosa... eu vou embora — declarou Weintraub, no acesso lateral de um auditório do complexo World Trade Center, no Brooklin Novo.
A reportagem de GaúchaZH indagou o ministro sobre a possibilidade de novas bolsas serem liberadas, ainda neste ano, para alunos de pós-graduação. Depois do corte de recursos para a operação de universidades e de bolsas de mestrado e doutorado, o MEC anunciou, em 11 de setembro, a liberação de 3.182 bolsas para os programas mais bem avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Weintraub foi evasivo na resposta:
— A gente tem liberado gradualmente novas bolsas. Este ano, provavelmente, a gente vai estar com o melhor índice de efetividade na pesquisa da história, ou o segundo melhor da história.
Na sequência, o ministro falou que "esse processo todo de desconstrução que houve agora começa a ser reconstruído".
— Não houve quebra das universidades, como alguns veículos falaciosos alardearam aos quatro ventos. Não houve nenhum bandejão sem alimento. As universidades estão funcionando, está havendo descontingenciamento agora, e as coisas vão seguir a vida normal — afirmou.
Nos últimos meses, reportagens de GaúchaZH atestaram as dificuldades pelas quais passaram algumas instituições gaúchas de Ensino Superior, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que reduziu serviços de vigilância e limpeza, e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que suspendeu a oferta de suco nos restaurantes e restringiu o acesso aos finais de semana.
Indagado sobre o Future-se, programa anunciado em julho, de adesão voluntária, que prevê financiamento privado para a educação pública, o ministro garantiu que já tem posicionamentos positivos de 15 instituições, entre as quais a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ambos no Estado de São Paulo.
* A repórter viajou a São Paulo a convite do Semesp.