O mais recente desdobramento na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que tem como foco a contenção de gastos em razão do corte de verbas do governo federal é o fechamento dos acessos secundários à universidade durante os finais de semana. Com isso, quem precisar entrar ou sair da universidade de sexta à noite até segunda-feira pela manhã deverá utilizar somente a entrada principal, na Avenida Roraima.
Serão fechados os dois acessos secundários: pela estrada de Pains e também pelo Jardim Botânico. A restrição passa a valer já nesta sexta-feira (6), a partir das 23h30min, e segue até as 6h de segunda-feira (9). De acordo com o reitor, Paulo Burmann, a medida observa a revisão do contrato com a empresa terceirizada que faz o serviço de vigilância. Em razão do corte de verbas, recentemente, a instituição passou dos 73 postos de trabalho de vigilância para 55.
— Apesar do governo ter desbloqueado parte do orçamento, o valor ainda é insuficiente. Repasses estão sendo liberados em parcelas e nós estamos acumulando despesas atrasadas. Cada mês se adiciona um pouco ao montante de pagamentos atrasados. Esses atrasos estão dentro do limite contratual, mas ainda nos causam muita preocupação, porque alguns deles gerarão multas. Estamos fazendo o máximo para manter as despesas que envolvem pagamento de pessoal, como contratos com empresas terceirizadas, em dia. Isso é prioridade porque impacta no pagamento de salários — declarou o reitor.
Burmann acrescenta ainda que as ruas que dão acesso às áreas de pesquisa do Colégio Politécnico, do Hospital Veterinário, do Departamento de Zootecnia e de setores das Ciências Rurais também sofrerão as mesmas restrições e serão fechadas nestes mesmos horários com cavaletes. Só será permitida a entrada de pesquisadores e estudantes que atuam nos projetos.
Outros desdobramentos
O reitor também projeta outras mudanças que são estudadas e podem trazer impacto significativo à instituição nos próximos meses. Ele adianta que, a partir de dezembro, a universidade deve atuar com um novo modelo de gestão do Restaurante Universitário que implicará na terceirização da produção da alimentação.
— Hoje o recurso arrecadado por aqueles estudantes que pagam as refeições vai para a conta única da União e não retorna para a universidade. Com o novo contrato, a responsável pela cobrança será a empresa contratada. Ela produz, recebe e desconta da universidade a diferença. O contrato atual que a universidade tem com a empresa terceirizada impacta de forma substantiva porque sai do orçamento próprio da instituição.
O reitor também reforça que está sendo estudada a garantia de refeições somente aos estudantes que possuem benefício socioeconômico. Com isso, o restaurante passaria das 8 mil refeições diárias para cerca de 3,5 mil, conforme Burmann:
— Vamos fazer o esforço total para garantir o acesso às refeições a todos os nossos estudantes, mas há o risco real de termos condições de oferecer a alimentação somente para os acadêmicos que têm benefício socioeconômico. Se confirmar essa lógica de liberação de recursos não vamos ter fôlego para manter o Restaurante Universitário aberto. Antes de fechá-lo, precisamos tentar as possibilidades, como essa de restringir a oferta.
Em 19 de agosto, o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Clayton Hillig, já havia adiantado à reportagem de GaúchaZH que a universidade só tinha recursos para manter o restaurante em funcionamento até outubro e que não estava descartada a possibilidade de restrição aos usuários.