Depois de ganhar o Prêmio Jovem Cientista em 2018, a estudante gaúcha Juliana Estradioto voltou a ser destaque no mundo das ciências. Ela foi uma das vencedoras na área de Ciência dos Materiais da International Science and Engineering Fair (Intel Isef), considerada a maior feira de ciências do mundo. Ela recebeu a premiação nesta sexta-feira (17) no evento em Phoenix, nos Estados Unidos. A feira contou com a participação de mais de 1,8 mil estudantes de Ensino Médio de 80 países.
A pesquisa de Juliana é sobre uma membrana biodegradável criada a partir da casca da noz macadâmia. A membrana pode ser utilizada em curativos de pele ou em embalagens, substituindo o material sintético. A solução, além de ecologicamente correta, tem um custo mais baixo. O trabalho foi desenvolvido quando Juliana era aluna do curso Técnico de Administração Integrado ao Ensino Médio do Campus Osório do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). A pesquisa teve orientação da professora Flávia Twardowski e coorientação do professor Thiago Maduro.
É a primeira vez que a jovem de 18 anos recebeu essa premiação na feira, mas foi a terceira vez que ela representa o Brasil na Intel Isef - nas edições anteriores recebeu um quarto lugar e uma bolsa de estudos em uma universidade no Arizona. Dos Estados Unidos, ela conta que concorreu com mais de 80 trabalhos na sua área.
— Eu nunca tinha recebido um prêmio tão grande, porque estar aqui já é muito grandioso. A gente está representando o país e competindo com os melhores do mundo. E isso é muito importante para estimular que os jovens continuem fazendo ciência. Estou cada vez mais inspirada a continuar fazendo pesquisa e lutando pela educação.
Com mais de 40 prêmios no currículo, a estudante mora em Osório e está se preparando para entrar na universidade. Ela planeja continuar na área de química e biotecnologia.
— Ter feito pesquisa no Ensino médio mudou minha vida completamente e eu acho que tem que dar essa oportunidade para cada vez mais jovens das mais diferentes realidades do país. Educação tem essa capacidade transformadora — reforça.
A Intel Isef premia os melhores alunos em 22 categorias, que incluem áreas como química, biologia e robótica. Em cada uma delas, a melhor pontuação recebe o grande prêmio da categoria, além de premiações para os primeiros até quartos colocados.
O credenciamento para participar da Intel Isef foi conquistado durante a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada em março de 2019, na Universidade de São Paulo (USP). Na ocasião, o projeto de Juliana conquistou o 1º lugar em Ciências Agrárias, o 2° lugar no Prêmio Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e também o Prêmio Destaque Unidades da Federação como melhor trabalho do Rio Grande do Sul.
No ano de 2018, Juliana tirou o primeiro lugar na categoria Ensino Médio da 29ª edição do Prêmio Jovem Cientista. Graças ao bom resultado, Juliana foi a primeira mulher brasileira a ser convidada para acompanhar uma cerimônia do Prêmio Nobel. O projeto ganhador foi um filme plástico biodegradável criado a partir do resíduo agroindustrial do maracujá, capaz de substituir as embalagens de mudas de plantas.
Sobre o projeto com a macadâmia
O processamento da noz macadâmia gera 75% de resíduos, que acabam indo para os aterros sanitários ou são queimados para produção de energia. Já os polímeros sintéticos (como plásticos e borrachas) não são biodegradáveis e nem sempre são recicláveis.
Juliana transformou a casca da noz macadâmia em farinha. Essa farinha, em meio de cultivo com outros nutrientes, serviu de alimento para micro-organismos, que produziram as membranas. Essas membranas são compostas de celulose e têm características como flexibilidade e resistência, que permitem a utilização em curativos. Também pode substituir o saco plástico para recolher fezes de animais.