Um feito inédito no Brasil. A gaúcha Juliana Estradioto, 18 anos, é a primeira mulher brasileira selecionada para acompanhar a cerimônia do Prêmio Nobel. O espaço e a atenção da comunidade científica foram conquistados em razão da carreira como pesquisadora construída pela jovem que, apesar da pouca idade, já contabiliza 21 premiações em feiras de ciências nacionais e internacionais.
Uma das conquistas mais recentes, e que lhe rendeu a vaga para acompanhar o Nobel, foi a primeira colocação na categoria Gerenciamento do Meio Ambiente durante a 33ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), em 2018, com o trabalho Desenvolvimento de Filme Plástico Biodegradável a partir da Fibra Residual do Maracujá. O estudo foi realizado durante as aulas do curso técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), de Osório, em 2016.
— Prêmios como esses servem de incentivo para os jovens que pretendem fazer pesquisas no Ensino Médio. É indescritível o sentimento — comentou Juliana.
O trabalho foi orientado por Flávia Twardowski, professora de Gestão da Produção e Qualidade do IFRS, a quem Juliana chama de irmã mais velha. A mestre conta que a relação delas começou no primeiro ano da jovem na instituição, em 2015 e, a partir dali, elas realizaram muitos trabalhos de pesquisa e extensão juntas. Flávia destaca, ainda, a força de vontade da estudante.
— A nossa relação é muito próxima e recíproca. Trabalhamos em prol da solução de um problema da comunidade, já que a casca do maracujá representa 70% da fruta e todo esse material era descartado no lixo. Juliana se esforçou muito, ela investiu uma energia inimaginável na realização do projeto do plástico biodegradável. Às vezes, eram 22h30min e ela estava lá no instituto para conversar comigo sobre os resultados que ela tinha obtido da pesquisa. O envolvimento dela é louvável – relata a professora.
Além deste projeto, em 2017, a estudante - que deseja cursar Engenharia Química - desenvolveu um biossorvente, material ativado quimicamente que retira os corantes industriais da água para, posteriormente, encaminhar o recurso natural para tratamento. Com essa pesquisa, ela foi convidada a participar da Intel International Science and Engineering Fair, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Lá, ela concorreu com 1,8 mil jovens pré-universitários e acabou abocanhando a quarta colocação pelo seu trabalho.