Dez dias depois de oficializar a venda da CEEE-D, o Rio Grande do Sul dará, nesta sexta-feira (16), mais um passo rumo à privatização da estatal. O alvo agora é o braço transmissor, a CEEE-T, que vai a leilão na B3, em São Paulo, pelo preço mínimo de R$ 1,69 bilhão. O remate está marcado para às 11h.
Inicialmente, o certame ocorreria no dia 29 de junho, mas foi adiado a pedido de empresas interessadas, para melhor avaliação dos ativos. As propostas finais foram entregues à bolsa de valores na segunda-feira (12). O valor esperado pela venda da transmissora supera o arrecadado com a CEEE-D, que foi arrematada por R$ 100 mil, pelo Grupo Equatorial. A expectativa é superar o preço mínimo, já que a CEEE-T é considerada mais saudável financeiramente e o setor da transmissão desperta mais apetite dos investidores.
O setor de transmissão é responsável pelo "transporte" da eletricidade entre a geração e a distribuição da energia elétrica. A CEEE-T possui 56 subestações, com potência própria instalada de 10,5 mil MVA. Além disso, opera outras 18 unidades. A empresa também é responsável pela operação e manutenção de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão e mais de 15,7 mil estruturas.
Depois de concluída a desestatização da CEEE-D e da CEEE-T, o governo do Estado seguirá na liquidação da companhia. O passo seguinte será a venda do braço de geração, a CEEE-G.
Conforme apurou a colunista Marta Sfredo, há expectativa de intensa disputa no certame. Conheça as possíveis empresas interessadas na CEEE-T:
- Canada Pension Plan: fundo de pensão canadense, adquiriu recentemente fatia de 45% da Iguá Saneamento. Também possui 5% do Grupo Equatorial, que arrematou a CEEE-D, e participação em mais empresas brasileiras, como a rede de academias Smartfit.
- CPFL Energia: Dona da RGE, é responsável por controlar dois terços da distribuição de energia no Rio Grande do Sul. É controlada pela chinesa State Grid. Também atua no Estado de São Paulo.
- Cymi: controlada pelo grupo espanhol ACS, compôs o consórcio Chimarrão e ficou com a maior fatia das obras de transmissão no Estado no leilão de 2018, após a Aneel cassar a concessão da Eletrosul.
- EDP: possui unidades de geração hidrelétrica e termelétrica, além de atuar em transmissão e comercialização de energia. Em 2019, adquiriu a Litoral Sul Transmissora de Energia (LSTE), que tem trecho entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Também é a principal da acionista catarinense Celesc. Em junho, arrematou o Lote 1 em leilão de transmissão, que atende os estados do Acre e Rondônia.
- ISA Cteep: Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, foi criada após a divisão dos ativos da estatal paulista CESP. É controlada pela colombiana ISA e pela Eletrobras. Está presente em 17 Estados brasileiros e transmite cerca de 60% da energia consumida na região Sudeste e 94% da energia do Estado de São Paulo.
- MEZ Energia: possui 11 projetos de transmissão no país e foi a maior vencedora do leilão nacional de transmissão mais recente. É responsável por reformas e melhorias da subestação Porto Alegre IV, que era da CEEE.
- Neoenergia: controlada pelos espanhóis da Iberdrola, está presente em 18 Estados e no Distrito Federal. Atua na geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica. Possui cerca de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão no país.
- Taesa: controlada pela mineira Cemig em parceria com a colombiana ISA, entrou no RS a partir do leilão de 2018. Está implantando mais de 500 quilômetros de linhas de transmissão na Fronteira Oeste do Estado, em obra que deve ficar pronta em 2023.