O presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas), Paulo Kruse, classificou como “total falta de respeito” a decisão da Justiça gaúcha de determinar o fechamento de lojas e shoppings na capital gaúcha a partir das 16h deste sábado (8) e no domingo de Dia dos Pais (9). A entidade, que representa o comércio varejista, afirma que lojistas estão sendo culpados durante a pandemia.
A liminar (decisão imediata e provisória) da madrugada deste sábado, emitida pelo juiz Gilberto Schafer, determina que a capital gaúcha mantenha as atividades não essenciais adequadas às regras do modelo de distanciamento controlado do governo estadual: abertura de comércios por quatro dias da semana, de quarta-feira a sábado, entre 10h e 16h, desde que respeitem protocolos sanitários e limite de pessoas. A prefeitura de Porto Alegre, contudo, permitiu a abertura na sexta-feira (7), sábado e domingo, sem limite de horário.
— Para nós, é uma total falta de respeito com quem trabalha. Os lojistas estão desesperados querendo trabalhar. Poderia esperar até segunda-feira para sentarmos à mesa (para conversar) — afirmou Kruse.
O presidente do Sindilojas ainda destacou que comerciantes se prepararam para abrir lojas durante o fim de semana de Dia dos Pais e que havia uma grande expectativa de minimizar os prejuízos econômicos decorrentes da pandemia.
— Depois de tudo o que perdemos no ano, teríamos esse fim de semana para recuperar um pouco. Parece que somos os culpados e que todo o problema da covid somos nós, comerciantes. Apenas queremos trabalhar com todos os cuidados e protocolos — acrescentou.
O Sindilojas já acionou o departamento jurídico para derrubar a liminar expedida pela Justiça. A Procuradoria-Geral do Município (PGM), que representa os interesses da prefeitura, já afirmou que recorrerá.
A Câmara dos Dirigentes Lojistas da capital gaúcha (CDL) afirma, em nota, que aguarda o resultado das ações da Prefeitura para a manutenção das atividades comerciais no fim deste sábado (8) e, também, no domingo (9).
A CDL acrescenta que os empresários "fizeram um grande esforço e investimentos para reabrirem nestes três dias e, por isso, precisam manterem-se em funcionamento, cumprindo todas as normativas sanitárias exigidas". No entanto, a entidade também "não recomenda aos lojistas o descumprimento da ordem judicial".
Shoppings aguardam resultado definitivo
"Estamos todos impactados" foi a frase usada por Eduardo Oltramari, superintendente do Shopping Total e coordenador da Associação Brasileira de Shopping Centers na Região Sul (Abrasce), para descrever a decisão da Justiça.
Ele afirma que a categoria questionou Marchezan se o decreto municipal conflitaria com as regras estaduais, mas que o prefeito teria respondido que não haveria nenhum problema. A situação de estar em suspenso se soma ao fato de que não há, até agora, definição sobre as regras a partir da semana que vem.
— Enquanto representante da Abrasce, convivi com o processo de negociação (para abertura no fim de semana). Nossa preocupação já existia e reiteradas vezes perguntamos ao prefeito quando ao decreto do governo do Estado, mas ele disse que estava tudo ok e tudo liberado. Corremos o risco de a Brigada Militar, a Receita Federal ou outro órgão fechar as lojas de shoppings. Enquanto não se julgar o agravo (pedido da prefeitura para Justiça reconsiderar decisão), é um momento de incerteza. Além disso, são 14h40min de sábado e nem temos notícia do novo decreto que vai estabelecer o funcionamento das atividades a partir da segunda-feira. Esse contexto gera desconforto e prejuízos — diz Oltramari.
O prefeito Nelson Marchezan chamou a decisão da Justiça de "perda de tempo" à colunista Kelly Matos:
"Decisão equivocada. No caso específico, o comércio de Porto Alegre não abriu quarta, nem quinta e pouquíssimos abriram na sexta. Mas abriria sábado e domingo, no Dia dos Pais. Qual a diferença? Onde está o risco ampliado? Perda de tempo, de energia, de recursos públicos.
Se tal entendimento prosperar, o trabalho de meses de planejamento de centenas de técnicos municipais de todas as secretarias que salvaram centenas ou milhares de vidas em Porto Alegre será desconsiderado. E não há quem possa fazer esse trabalho por eles".