Depois de frustrar projeções de crescimento em 2019, a economia nacional pode ser beneficiada no próximo ano por melhora no mercado interno, avaliou nesta terça-feira (3) a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve ter alta de 2%, indicou a entidade empresarial durante seu balanço anual, realizado em Porto Alegre.
Para que o mercado interno registre melhora, a federação aposta, principalmente, no avanço gradual da confiança dos consumidores brasileiros, que ainda não teve reação mais consistente, e na redução da capacidade ociosa das empresas. A entidade também projeta ano mais "tranquilo" na área política. Entre os setores produtivos, a maior elevação no país deve ser da indústria (2,2%), seguida por serviços (2%) e agropecuária (1,8%).
— A economia passou por sua pior recessão. Parece que o país começa a resolver problemas estruturais — pontuou o economista-chefe do Sistema Fiergs, André Nunes de Nunes.
A federação ponderou que, em caso de novas frustrações com a atividade nos próximos 12 meses, a alta do PIB em 2020 tende a diminuir de 2% para 1,4%. Já em caso de o desempenho superar o esperado no cenário base, a elevação pode chegar a 3%.
Para a economia gaúcha, a Fiergs prevê crescimento de 1,8%, puxado por serviços (2%) — a indústria deve subir 1,4%. A depender das condições da atividade no próximo ano, o avanço pode ficar menor, de 0,9%, ou maior, de 2,9%.
— O Rio Grande do Sul vem crescendo mais do que o Brasil. Por isso, a base de comparação em 2020 será mais forte, e o Estado terá alta menor — explicou Nunes.
Se a projeção é de melhora no mercado interno, a lógica não é a mesma para o cenário internacional. Conforme a entidade, turbulências devem seguir no horizonte no próximo ano, que terá eleições presidenciais nos Estados Unidos. Para a Fiergs, a tendência é de a taxa de câmbio encerrar 2020 em R$ 4,19.
— No curto prazo, o dólar mais alto tende a ser ter impactos negativos, porque as vendas das empresas para o Exterior já estão contratadas, mas ainda é necessário importar insumos. Agora, se o câmbio permanecer por mais de seis ou sete meses em nível alto, o efeito negativo tende a ser dissipado. O grande problema no Brasil é a volatilidade — frisou Nunes.
Em dezembro do ano passado, a entidade havia projetado que o PIB brasileiro cresceria 2,8% em 2019, variando de 1,6%, no pior cenário, a 3,6%, no melhor. A estimativa, entretanto, não se confirmou. Neste ano, a economia nacional deverá avançar 1,1%, conforme estimativa atualizado pela federação.
Segundo a entidade, o desempenho em 2019 ficou aquém do esperado devido a fatores como incertezas em torno da reforma da Previdência, taxas de financiamento ainda elevadas no setor bancário e crise na Argentina — tradicional compradora de produtos da indústria brasileira. Ao ser questionado sobre o impacto das recentes tensões entre o governo Jair Bolsonaro e Alberto Fernández, recém eleito no país vizinho, o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, mencionou que os dois líderes precisam "se acertar".
— A tensão é política. Um lado de se contrapõe ao outro. Mas é impossível, do ponto de vista prático, os dois maiores países do Mercosul ficarem brigados por questões ideológicas. Vão ter de se acertar — argumentou Petry.
BRASIL
PIB
Cenário inferior: 1,4%
Cenário base: 2%
Cenário superior: 3%
Indústria
Cenário inferior: 1,2%
Cenário base: 2,2%
Cenário superior: 3,2%
Serviços
Cenário inferior: 1,5%
Cenário base: 2%
Cenário superior: 2,8%
Agropecuária
Cenário inferior: 0,8%
Cenário base: 1,8%
Cenário superior: 3,5%
Inflação medida pelo IPCA
Cenário inferior: 3,2%
Cenário base: 4,1%
Cenário superior: 5,3%
Geração de empregos formais
Cenário inferior: 557 mil
Cenário base: 702,8 mil
Cenário superior: 867,3 mil
Taxa de desemprego ao fim do ano
Cenário inferior: 11,7%
Cenário base: 11,2%
Cenário superior: 10,9%
Exportações
Cenário inferior: US$ 206,5 bilhões
Cenário base: US$ 221,5 bilhões
Cenário superior: US$ 231,7 bilhões
Importações
Cenário inferior: US$ 183,1 bilhões
Cenário base: US$ 193,2 bilhões
Cenário superior: US$ 203,9 bilhões
Balança comercial
Cenário inferior: US$ 23,5 bilhões
Cenário base: US$ 28,3 bilhões
Cenário superior: US$ 27,8 bilhões
Taxa Selic (juro básico) ao fim do ano
Cenário inferior: 6,25%
Cenário base: 6,5%
Cenário superior: 8%
Taxa de câmbio ao fim do ano
Cenário inferior: R$ 3,69
Cenário base: R$ 4,19
Cenário superior: R$ 4,28
RIO GRANDE DO SUL
PIB
Cenário inferior: 0,9%
Cenário base: 1,8%
Cenário superior: 2,9%
Indústria
Cenário inferior: 0,5%
Cenário base: 1,4%
Cenário superior: 2,5%
Serviços
Cenário inferior: 1,2%
Cenário base: 2%
Cenário superior: 3%
Agropecuária
Cenário inferior: 0,2%
Cenário base: 1,2%
Cenário superior: 3,5%
Geração de empregos formais
Cenário inferior: 26,6 mil
Cenário base: 37,7 mil
Cenário superior: 47,1 mil
Taxa de desemprego ao final do ano
Cenário inferior: 8,4%
Cenário base: 8,1%
Cenário superior: 7,5%
Exportações
Cenário inferior: US$ 15,7 bilhões
Cenário base: US$ 17,3 bilhões
Cenário superior: US$ 18,1 bilhões
Importações
Cenário inferior: US$ 10,1 bilhões
Cenário base: US$ 11 bilhões
Cenário superior: US$ 11,4 bilhões
Balança comercial
Cenário inferior: US$ 5,6 bilhões
Cenário base: US$ 6,3 bilhões
Cenário superior: US$ 6,7 bilhões