Desde março, os 15 novos trens da Trensurb voltaram a operar em sua totalidade. Os veículos ficaram por três anos e dois meses fora de circulação em razão de problemas graves de infiltração de água nos rolamentos. O Consórcio FrotaPoa, formado pelas empresas Alstom e CAF, liberou os trens em dezembro do ano passado, após uma série de ajustes implementados para garantir segurança aos equipamentos.
Porém, só em março a Trensurb concluiu a manutenção preventiva necessária de parte da frota. Esse é um procedimento padrão realizado a cada 300 mil quilômetros rodados, quando são feitas revisões e trocas de óleo e válvulas. Segundo a Trensurb, ações preventivas em toda a nova frota ocorrem regularmente para assegurar que os problemas que retiraram os trens de circulação não provoquem transtornos novamente.
A nova frota de trens foi comprada em 2012, com investimento de R$ 244 milhões. Os veículos começaram a operar a partir de setembro de 2014, mas já em abril de 2015 passaram a apresentar problemas, com o descarrilamento de um deles enquanto fazia uma viagem sem passageiros.
Um ano depois, em abril de 2016, foi identificada infiltração de água nos rolamentos, o que influencia a segurança dos veículos. Toda a frota foi retirada de circulação para conserto, e o Ministério Público Federal (MPF) começou a investigar o caso.
Em maio de 2018, quando apenas quatro estavam em funcionamento, uma reportagem do Grupo de Investigação da RBS (GDI) detalhou uma série de 20 falhas mecânicas encontradas nos trens e mostrou ainda dificuldades de interlocução entre Trensurb e o consórcio. Em julho, nova reportagem do GDI revelou que a empresa abriu mão de testes que, na época da entrega dos equipamentos, em 2014, poderiam ter identificado problemas mecânicos.
Após dois cronogramas de entrega dos trens estabelecidos pelo MPF e descumpridos pelo consórcio, as companhias, enfim, atenderam a um terceiro calendário, liberando os trens para uso em dezembro do ano passado.