Com impacto de decisão sobre o juro nos Estados Unidos, a bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou acima dos 100 mil pontos, nesta quarta-feira (19), pela primeira vez na história. Ao final da sessão, o seu principal índice, o Ibovespa, teve alta de 0,9%, a 100.303 pontos. O recorde anterior, de 99.993 pontos, havia sido registrado em 18 de março.
Nesta quarta-feira, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, decidiu manter a taxa de juro americana no intervalo de 2,25% a 2,5%. A medida era aguardada por analistas.
Como o país do presidente Donald Trump é considerado mais seguro a investimentos do que o brasileiro, tende a atrair ainda mais recursos quando há elevação no juro. Já que a taxa local não subiu, e o Fed ainda abriu possibilidade de queda nos próximos meses, houve reflexos positivos em nações emergentes, como é o caso do Brasil.
Sócio-diretor da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello avalia que, além da influência americana, o mercado financeiro também passou a enxergar maior chance de avanço da reforma da Previdência no Congresso. A proposta de mudanças no sistema de aposentadorias agrada a investidores por causa da projeção de alívio nas contas públicas.
– Há projeção de taxas de juro menores no mundo e maior expectativa de aprovação da reforma da Previdência. Com isso, a bolsa alcançou os 100 mil pontos – afirma Curvello.
A variação do Ibovespa é calculada com base no desempenho das principais empresas listadas na B3. A marca dos 100 mil pontos é considerada simbólica, indicando maior otimismo de investidores com o futuro da economia brasileira, mesmo com o risco de retorno da recessão técnica ao país.
O jargão é usado para descrever dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB). Como o PIB recuou 0,2% entre janeiro e março, o país entraria em recessão em caso de nova baixa entre abril e junho.
– O comportamento do mercado deve ser influenciado pelo avanço da reforma da Previdência e de outras pautas importantes para tornar o país mais eficiente, como o pacote de mudanças tributárias – observa o economista Carlos Müller, analista-chefe da Geral Asset.
Antes de romper os 100 mil pontos ao final do dia, a bolsa já havia atingido esse nível ao longo de uma sessão, em março. De lá para cá, a B3 chegou a perder fôlego diante de turbulências protagonizadas pelo governo Jair Bolsonaro, mas ganhou novo ânimo com notícias vindas do Exterior e a discussão da reforma da Previdência na Câmara.
Apesar do recorde, analistas ponderam que, se corrigidos pela inflação, os 100 mil pontos do Ibovespa nesta quarta-feira ainda ficariam abaixo dos 73 mil registrados em 2008. A comparação leva em conta o quanto subiram, em termos percentuais, os preços e os valores das ações das empresas na bolsa.