O freio no consumo causado pela crise econômica segue com impacto na operação de setores intensivos em mão de obra no Rio Grande do Sul. Fabricante de calçados, a Bottero confirmou, nesta quinta-feira (5), a demissão de 630 funcionários e o fechamento de quatro unidades produtivas em Nova Petrópolis, Osório, Parobé e Santo Antônio da Patrulha.
O executivo Luiz Roberto Bianchi, responsável pela imagem institucional da empresa, afirma que o processo de encerramento das fábricas está sendo realizado durante esta semana. Com as demissões, o número de empregos diretos gerados pela Bottero, com sede em Parobé, no Vale do Paranhana, caiu para 2,4 mil. A companhia também é responsável por 500 vagas indiretas no Estado.
— Com a crise, o consumo diminuiu bastante no Brasil. Obviamente, o mercado de calçados não ficou imune. Como o cenário continua nebuloso, a Bottero se obrigou a fazer cortes para preservar a saúde da empresa e os 2,4 mil empregos restantes — afirma Bianchi.
A companhia concentra toda a linha de produção no Rio Grande do Sul. Após o fechamento das quatro fábricas, 14 unidades permanecem com atividades. Das operações, quatro ficam em Agudo, Arroio do Meio, São José do Hortêncio e Travesseiro. As outras 10 estão no complexo da empresa em Parobé.
— Ao fazer os cortes, a empresa levou em conta diferentes aspectos, como o impacto social e os locais onde eram produzidos tipos de mercadorias que sofreram mais durante a crise — diz Bianchi, que descarta novas demissões.
Hoje, cerca de 90% dos calçados da Bottero são endereçados ao mercado nacional. Os outros 10% têm como principais destinos países da América Latina e da Europa.
— Consideramos as demissões como um fato isolado de uma empresa que cresceu muito com a venda de produtos de qualidade diferenciada. Esperamos que seja uma diminuição estratégica — avalia o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Parobé, João Nadir Pires.
Bianchi acrescenta que, em caso de melhora no mercado calçadista, a Bottero poderá reativar fábricas com operações encerradas. No entanto, o executivo frisa que o horizonte para o setor continua cercado por incertezas, o que trava novas contratações.
— As demissões não causam surpresa. A decisão da empresa deve ser respeitada. A demanda por produtos caiu no mercado interno, e o setor perdeu competitividade no cenário internacional — pontua o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein.
A estrutura
- Com sede em Parobé, no Vale do Paranhana, a Bottero começou a operar em 1985.
- A companhia afirma que, após passar pela recessão sem cortes, teve de demitir 630 funcionários por conta das dificuldades que persistem no mercado calçadista brasileiro — cerca de 90% de seus produtos são vendidos dentro do país.
- As fábricas fechadas nesta semana ficam em Nova Petrópolis, Osório, Parobé e Santo Antônio da Patrulha.
- Conforme a empresa, 14 unidades produtivas seguem com atividades inalteradas. Quatro estão localizadas em Agudo, Arroio do Meio, São José do Hortêncio e Travesseiro. As outras 10 ficam no complexo de Parobé.
- Após as demissões, o número de empregos diretos gerados pela companhia caiu para 2,4 mil.