A revolução agrícola gaúcha será possível a partir do movimento do programa Duas Safras. É o que acredita o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, que vê com entusiasmo todo o envolvimento de várias entidades do setor nessa iniciativa. Em 2022, foi possível envolver e capacitar cerca de 3 mil produtores rurais do Estado.
O programa busca analisar as características de cada uma das regiões. Esse trabalho não impactará apenas no crescimento da produtividade, mas trará reflexos também nos campos econômico e social do Rio Grande do Sul.
Lançado oficialmente no ano passado, o Duas Safras é uma realização conjunta da Farsul com Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS), Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). A meta é ampliar em 40% a produção agropecuária do Estado, o que representa no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho cerca de 7%, aproximadamente R$ 31,9 bilhões.
Entre os desafios, Pereira destaca a escassez da oferta de milho para a ração animal no Estado, o que obriga a importação do produto e, consequentemente, o aumento dos custos e a perda de renda do produtor. Para isso, a Embrapa contribuiu com o desenvolvimento de pesquisas no uso do cereal e outras culturas de inverno para a substituição do milho na alimentação animal, principalmente para suínos e aves.
Outro aspecto relevante apontado são os avanços da tecnologia na agricultura. Muitos equipamentos e máquinas agrícolas podem transformar o segmento, no entanto, isso requer a qualificação de mão de obra. O executivo enfatiza que entidades, como o Senar-RS, estão constantemente capacitando pessoas para essas aptidões.
Para ampliar as ações do programa, o presidente da Farsul sinaliza como essencial a continuidade das contribuições da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e da Apex-Brasil. Também indica que a Farsul, em breve, apresentará estudos envolvendo aspectos para a melhoria do ambiente do campo.
— A agricultura moderna de hoje não é mais extrativa mas, sim, intensiva, levando qualidade em todos ambientes — reforça.
Desenvolvimento de mão de obra
O Duas Safras trouxe conhecimentos para a zona rural. Segundo o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, somente no ano passado foram nove seminários realizados em diversas regiões do Estado. Em 2023, a ideia é promover mais sete edições com temas diferentes para contemplar outros locais. No final do ano, ocorrerá um rally que vai identificar outros potenciais relacionados ao processo produtivo do campo.
Para a Expodireto, Condorelli enfatiza que o Senar-RS terá três focos: desenvolver a capacidade de atuar na assistência e na gerência dos produtores rurais; enfatizar a mecanização agrícola (principalmente no uso de drones) e estimular a preparação de solo.
Na visão dele, o Estado ainda precisa evoluir na irrigação, o que trará estabilidade ao setor. A maioria dos produtores rurais precisa estar atento ao manejo do solo e, para isso, a feira trará acesso a esse debate. Condorelli comenta que a ciência mostra que é possível ter um trabalho de solo para mitigar de forma significativa os efeitos de seca e estiagem:
— Isso por meio da correção da acidez do solo, fertilidade, manejos de espécies sobre a área com raízes, entre outras maneiras.