Fazer a safra de inverno render e ampliar as combinações possíveis no verão. Esse é um dos objetivos do programa Duas Safras, lançado neste ano e que foi tema do segundo Campo em Debate na Casa RBS nesta segunda-feira (29), durante a 45ª Expointer. O evento foi mediado pela colunista de GZH Gisele Loeblein e contou com a participação de diferentes representantes do setor.
Iniciativa de entidades e setor público, o Duas Safras foi desenhado para garantir estabilidade e permitir um melhor planejamento da indústria de proteína animal no fornecimento de grãos para a ração. Hoje, o principal ingrediente é o milho, que tem produção deficitária em relação à demanda, quadro agravado pela estiagem.
Neste ano, a soja também registrou quebra, de mais de 50%, o que impactou ainda mais a indústria de proteína animal.
Ao melhorar o fornecimento da indústria, o impacto positivo vem para toda a economia gaúcha, como destacou o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz:
— Apenas com o trigo nosso plano é aumentar a produção em 45% até 2030. Isso deve resultar em R$ 21 bilhões só para a indústria. Para o PIB gaúcho deve representar um crescimento de quase 7%, com R$ 31,9 bilhões, já que envolve toda a cadeia produtiva.
Razão pela qual o secretário estadual da Agricultura, Domingos Velho Lopes, pontuou que "o programa Duas Safras não é uma política de governo, mas uma política de Estado".
Uma das ações resultantes da iniciativa é a caravana de palestras organizada pelo Senar-RS e que passará por 10 regiões do Estado. A ideia é incentivar o aumento da área plantada de trigo e forrageiras a partir dessas palestras e trabalhar o escoamento, a armazenagem e a exportação do excedente, por meio de treinamentos.
O programa busca incentivar os produtores de arroz a produzirem também outros grãos, como o milho.
— Se alguém sabe de irrigação, é o produtor de arroz (100% da cultura é irrigada), e o milho vem sofrendo com a falta de chuva nas últimas safras. E a indústria animal demanda — justifica Eduardo Condorelli, superintendente do Senar-RS.
A Embrapa também vem trabalhando na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias que permitam o uso de cereais de inverno na nutrição animal e que viabilizem a entrada de novas culturas na Metade Sul.
— É uma verdadeira revolução o que estamos propondo — acredita o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira.
Saiba mais
- Integram a iniciativa Farsul, ABPA, Embrapa, Senar-RS, Fecoagro-RS, Federarroz-RS e Asgav. Acergs e Aprosoja também irão aderir
*Produção de Carolina Pastl