Segundo pesquisa da Serasa eCred divulgada em maio, um quarto da população do sul do país (26%) tem cinco ou mais unidades de cartão de crédito. O percentual só não é maior do que a parcela das pessoas que possuem até dois (27%). Importante ferramenta para a organização financeira, tem benefícios maiores do que os prejuízos, na visão dos especialistas – quando com pagamento em dia e total.
Desde que foram lançados no país, em 1968, os cartões se tornaram menores, com cores variadas – e muitos não possuem mais aqueles números em relevo. Além da questão estética, os sistemas também avançaram, tornando-se mais seguros e transparentes para o consumidor.
Hoje, nem é preciso mais carregá-los na carteira, basta ter um celular. Além disso, as empresas oferecem vantagens que vão além das compras parceladas.
— Muita gente fala que o cartão de crédito é um inimigo, mas apenas para quem não sabe utilizá-lo — argumenta o sócio e CEO da EQI Investimentos, Juliano Custódio.
O consultor financeiro explica que atualmente não existe mais acréscimo para quem parcela utilizando o cartão de crédito. Para efeito de comparação, nos anos 1990, a alternativa de grande parte da população era ter o dinheiro em mãos ou comprar a prazo diretamente nas lojas, o que pesava muito no bolso e quase dobrava o valor do item. Vale lembrar que o pagamento à vista pode render um bom desconto e, neste caso, pode-se ponderar se vale mais a pena esse benefício ou uma pontuação para as vantagens do cartão.
— Conforme a tecnologia foi aumentando, as análises de risco ficaram mais aprimoradas e os bancos acessam mais dados dos usuários. Isso faz com que o juro, no momento da compra, se torne muito menor – explica.
O problema é atrasar o pagamento da fatura. Hoje, o juro médio do crédito rotativo está na casa dos 12% ao mês. Por isso, Custódio orienta que as pessoas se organizem para evitar a inadimplência. Uma das dicas é ter dois cartões. Um com limite para compras menores do dia a dia e, outro, com um limite maior para parcelar itens de valor mais expressivo.
— Com os aplicativos, você já tem na palma da mão o que gastou. Então, é importante que as pessoas olhem para as suas finanças com frequência — orienta.
Outros benefícios do cartão são a segurança e as vantagens como cashback e milhas. A líder da área de cartões da Nubank, Rusen Baragiola, cita como exemplo o cartão virtual.
— Essa praticidade preserva o cartão físico e reduz a exposição dos dados. Basta copiar e colar o número do cartão, se a compra for pelo celular, e depois bloqueá-lo — explica.
Contas da casa em um lugar só
Rusen destaca ainda que o cartão pode ser um aliado da saúde financeira da família, centralizando os gastos em um cartão prioritário e construindo um relacionamento sólido com a instituição financeira, o qual pode gerar vantagens como a própria pontuação para benefícios:
— Uma das grandes vantagens de usar o cartão de crédito é que os gastos podem ser pagos na fatura do mês seguinte à data da compra, ajudando no planejamento financeiro de muitas famílias. Uma dica para qualquer pessoa é entender que o limite funciona como um empréstimo, que aquele saldo pode ser usado, mas que ele não compõe a sua renda total.
Custódio, da EQI Investimentos, acrescenta que o ponto central é buscar mais conhecimento sobre educação financeira:
— Não existe uma regra. O importante é conversar sobre finanças e dinheiro em casa. Além disso, há dezenas de aplicativos que já se conectam com as suas contas e te ajudam a planejar.
O cartão ideal por faixa de renda
- Até R$ 2 mil: útil para adquirir itens que não seriam possíveis comprar à vista, como uma geladeira. Ideal utilizar como se fosse uma reserva de emergência. Procure um cartão sem anuidade, pagando corretamente para aumentar o limite.
- Até R$ 5 mil: já pode começar a pensar em adquirir vantagens com o cartão, como milhas e cashback. Se a pessoa não tem as finanças organizadas, a sugestão ainda é utilizar como se fosse um fundo de reserva. Já para quem está com as contas em dia e tem um dinheiro guardado, é interessante pensar em colocar mais gastos no cartão.
- Acima de R$ 10 mil: a melhor opção é ter um cartão que retorne vantagens como o sistema de milhas para promoções de passagens e o cashback, que retorna valores. Há bancos que devolvem parte do IOF em compras com o cartão no Exterior.
Fonte: Juliano Custódio, CEO da EQI Investimentos.
Dicas para diferentes perfis
Prefiro andar com dinheiro na mão
O dinheiro é uma realidade de milhões de pessoas, mas o cartão oferece uma camada de segurança a mais por existir a necessidade de senha. Além disso, algumas lojas e aplicativos só permitem transações em crédito.
Acabo me perdendo nas contas
Uma dica é anotar as despesas para ter o controle e não gastar mais do que pode pagar. Outra forma de organização é como concentrar os gastos. Neste caso, cartão de crédito é um aliado neste controle.
Tenho medo do cartão por causa dos juros
Fique sempre atualizado sobre educação financeira, entendendo os juros cobrados. Saiba as taxas e não deixe de pagar a fatura total. Muitos bancos permitem parcelar a conta com juro menor do que o rotativo.
E se roubarem o meu cartão?
O cliente que tiver um celular com a tecnologia NFC pode usar uma carteira digital e escolher deixar o cartão em casa. Com os cartões virtuais, a pessoa pode criar e bloquear o cartão após uma compra, inviabilizando o uso de dados em caso de vazamento e exposição de dados.
Criando um cartão virtual
É possível criar múltiplos cartões virtuais, um para cada tipo de serviço, como, por exemplo, um cartão virtual para assinaturas de streaming, um para apps de transporte, outro para delivery e assim por diante. Isso facilita a organização financeira com a visualização de onde o dinheiro está indo e traz mais segurança.
Fonte: Rusen Baragiola, líder da área de cartões da Nubank