Mais do que o primeiro lugar, vencer o campeonato regional de pastoreio com cães da raça border collie pode significar mais renda à propriedade rural. Com o pódio, a fazenda fica mais conhecida e surgem interessados na genética do grande vencedor. Mas, afinal, existe receita para a vitória? Multicampeões, que também são promessas para o pódio deste domingo (14), quando serão conhecidos os vencedores deste ano, deram à GZH alguns dos seus "ingredientes" para o sucesso.
Para o proprietário da Casa da Ovelha, de Bento Gonçalves, Tárcio Michelon, são pelo menos dois: amor e confiança.
— Primeiro, amor em todos os sentidos, do treinador para com o seu cão, do cão também, e dos dois com relação aos rebanhos ovinos ou bovinos. Você tem que gostar muito de ovelha para realmente entender ela — afirma.
Em seguida, Michelon acrescenta:
— E o segundo ingrediente é você acreditar que o seu cão é capaz de ser mais do que ele realmente é. Quando você acredita, o seu cão acredita em você e ele acha que é um leão.
O dono da Casa da Ovelha, que também é o treinador da matilha de 13 cães da propriedade, cita ainda a rotina como outro fator importante para construir um campeão. Depois do desmame, os cães de Michelon tem uma vida de "recria". Ou seja, até os 12 meses vivem a vida de um "cão". A ideia é que, nesta época, ele tenha o maior número de experiências possível.
A partir de um ano de idade, o treinamento começa a ficar "um pouco mais sério", como define Michelon. O treinador passa a exigir que o cão não faça coisas erradas. É o momento dele aprender o que é "não". Não agredir ovelha e não desobedecer o treinador, por exemplo.
No segundo ano de vida, o treinador e o animal completam o treinamento. Mas é só aos quatro anos que estão aptos, geralmente, a grandes campeonatos, detalha Michelon:
— Em geral, os cães precisam de um ano para cada pata, ou seja, quatro anos de idade, para atingirem a maturidade.
Outro ingrediente para a receita do sucesso — mas essa pode não funcionar para todos — é a superstição de Michelon com a letra "B".
— Os meus primeiros bons cães começaram com a letra B. Aí decidi seguir com isso — ri o treinador, que trouxe Banza, Bogge e Bigu para a competição deste final de semana.
De Canguçu, a grande promessa desta competição, Anderson Pacheco, também se arrisca nos palpites. O principal deles é a criatividade nos treinos.
— Os rebanhos em casa começam a ficar mansos. Claro que é o que a gente procura com o pastoreio, só que quando a gente chega em uma prova como essa, com um rebanho mais assustado, pode impor dificuldade ao cão que está competindo — explica Pacheco, que começou em 2015 e, hoje, trabalha como treinador dos seus 30 cães e de terceiros.
Para a competição deste final de semana, Pacheco trouxe três animais de clientes para competir. A ideia era trazer também três da sua matilha, mas a favorita para o pódio, "Índia", que estava bem rankeada, adoeceu nesta semana.
— Ela está internada, com uma infecção no útero. Ela é fruto de um trabalho de dois, três anos... Vai ficar bem — se emociona o treinador de Canguçu.