Já ouviu falar em competição de cães de pastoreio? Neste sábado (13), silvos e comandos como "toca", "direita", "esquerda" e "devagar" começaram a ser ouvidos da Fazenda São Pedro, em Eldorado do Sul. É onde ocorre até domingo (14) a final do campeonato regional de pastoreio com cães da raça border collie.
Apesar de ainda ser pouco conhecida, o produtor rural e treinador em Canguçu, Anderson Pacheco, que assume a presidência da Associação Border Collie Mercosul neste sábado, entende que o esporte tem crescido nos últimos anos. A começar pelo número de cães inscritos nesta final, que chegou a 54. É um recorde no campeonato, que existe há dois anos.
— Apesar das provas serem muito importantes, é onde ocorre a seleção da raça, se busca novas técnicas de treinamento, o principal motivo desse crescimento é a mão de obra precária nas fazendas — pondera Pacheco.
Originada há mais de 300 anos, o border collie surgiu nas regiões da Inglaterra e da Escócia, onde era necessário que cães subissem montanhas, em locais que os cavalos não conseguiam chegar, para trazer o rebanho de ovinos de volta. Essa ficou até hoje a sua principal aptidão: o pastoreio.
— O border collie ajuda muito na fazenda, com o manejo do gado e da ovelha — acrescenta Pacheco.
A maior parte dos inscritos é do Rio Grande do Sul, mas a competição também tem cães e treinadores da Argentina, Uruguai, Rondônia e São Paulo. Os vencedores de quatro patas nas três categorias, open (avançada), ranch (intermediário) e novatos, serão conhecidos neste domingo.
Banza, Bogge e Bigu, de Tárcio Michelon, dono da Casa da Ovelha, de Bento Gonçalves, são três fortes candidatos para o pódio deste domingo. Com 1,2 mil ovinos na propriedade, o empresário, que também é treinador, decidiu investir na raça border collie há 13 anos.
— Não consigo imaginar a fazenda hoje funcionando sem os cães. Eles são tão importantes quanto qualquer outro funcionário — salienta Michelon.
Outros três exemplares também são promessas para domingo. Treinados por Pacheco, em Canguçu, os animais devem fazer bonito, acredita o produtor:
— A expectativa é boa.
A prova avalia a habilidade de pastoreio dos animais em um determinado tempo estabelecido — 15 minutos para a categoria open, 10 minutos para a ranch e cinco minutos para a novatos. Com silvos e comandos, cada treinador, um de cada vez, guia o seu cão para manejar um grupo de quatro ovelhas — cedidas pela Fazenda São Pedro. Reunir os animais, isolar um deles, conduzir para a esquerda ou para a direita são algumas das tarefas. Um juíz controla o tempo e avalia a habilidade de cada animal durante a realização da prova.
Para vencer o campeoanto regional, o animal precisa ser o melhor pontuado na sua categoria neste final de semana e nas outras seis etapas que ocorreram antes. Em cada uma delas, é feito um ranking com a pontuação de cada cão. Além do reconhecimento, vencer a competição dá vaga para o campeonato brasileiro da raça.
Saiba mais
- O border collie surgiu nas regiões da Inglaterra e da Escócia, onde era necessário que cães subissem montanhas, locais em que os cavalos não conseguiam chegar, para trazer o rebanho de ovinos de volta
- Os primeiros exemplares chegaram ao Brasil há cerca de 20 anos
- Embora a aptidão natural da raça seja para o pastoreio de ovinos, pode também ser adaptada para o trabalho com gado
- Há curso de treinamento gratuito oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS)