A atriz Heloísa Périssé revelou que colocou em prática um desafio sexual junto ao marido, o diretor Mauro Farias, com quem está casada há mais de 20 anos: o casal se propôs a transar diariamente, ao longo de cem dias consecutivos. A declaração, feita durante a participação da artista e de Ingrid Guimarães no Surubaum, programa apresentado por Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, repercutiu rapidamente nas redes sociais, levantando dúvidas sobre os possíveis benefícios e malefícios da atividade.
A proposta surgiu na tentativa de melhorar a vida do casal e como uma forma de colocar o sexo como um hábito constante na agenda. Conforme Heloísa, o "compromisso" refletiu positivamente no relacionamento.
— O sexo é uma prática e você coloca isso na sua vida como uma ginástica, como escovar os dentes, como um hábito. Uma vez, eu e Mauro lemos uma reportagem que propunha cem dias de transa seguidos, todos os dias. Colocamos em prática e é sensacional. Na hora que você se deita, é como se o seu corpo ligasse. De repente, quando você olha para o seu parceiro, vira uma coisa que um simples toque aciona coisas em você — relatou a atriz.
Para a ginecologista e sexóloga Juliana Ulysséa, um desafio como esse pode ser benéfico para ampliar o repertório sexual, a conexão e a intimidade entre os parceiros, já que eles terão que usar a criatividade e explorar diferentes recursos para se divertirem e não caírem na monotonia. Entretanto, apesar do bom resultado de Heloísa Périssé, a experiência pode variar de casal para casal.
— Para quem eu acho que pode ser legal: para aquele casal que é feliz, está em um relacionamento e tem uma vida sexual prévia saudáveis, que tem uma boa comunicação, mas que simplesmente está sem tempo para transar. Não conseguem porque estão cansados, com uma rotina de vida muito atropelada. Então, pode ser legal assumir esse compromisso — afirma a especialista.
Quando o sexo não é uma prioridade, tanto individualmente quanto entre a dupla, quando os parceiros não estão bem resolvidos sexualmente ou há algo atrapalhando a vida a dois — relações sem prazer, disfunções hormonais, doenças, falta de libido constante, sentimento de obrigação, dores, entre outros —, algo no estilo adotado por Heloísa Périssé e Mauro Farias pode acabar tornando-se um fardo e perdendo o propósito da aproximação.
De acordo com Juliana Ulysséa, o autoconhecimento é importante para que as pessoas possam entender o que as leva a se relacionarem sexualmente com alguém. Se as motivações são mais positivas do que negativas, os desafios sexuais entre os casais podem ser prazerosos.
— Se a pessoa transa para agradar o parceiro, para ele não ficar com a "cara amarrada", pelo medo da traição, por exemplo. Se há motivos mais pesados, ela irá entrar no sexo desmotivada. Se está sexualmente bem, se está bem resolvida consigo mesma, se enxerga o lado bom no dia a dia, que é para o prazer, o relaxamento, o bem-estar, ela pode encarar um desafio como esse como prazeroso. Pode ser divertido — cita a ginecologista.
Sexo na "agenda"
Não são necessários cem dias consecutivos de sexo para melhorar um relacionamento. Uma forma de pensar na relação e garantir o prazer a dois no meio de uma rotina conturbada é estabelecer o que Juliana Ulysséa chama de "dia D", um compromisso assumido pelo casal, a depender da periodicidade planejada, para passar um tempo na companhia um do outro.
— O ideal é marcar um período na agenda para o casal se reconectar, para fazerem coisas importantes para a saúde dos envolvidos. Daqui a pouco, por exemplo, resgatar coisas que faziam no início do namoro e que não fazem mais quando tem uma família formada ou quando se está trabalhando muito. A proposta é reservar algumas horas, nem que seja uma noite, um turno, uma vez por semana, para deixar os problemas de lado e conversar coisas importantes para o casal. Se hoje está na agenda, nós vamos parar e vamos nos conectar — explica a sexóloga.
O sexo, dessa forma, surge como consequência da atenção dada um ao outro, do planejamento e da reconexão.
— Nós vamos nos priorizar, arrumar um tempo e arranjar um jeito para isso. Com a rotina louca, realmente, arranjar tempo às vezes não é tão fácil assim. E, se o sexo rolar, melhor. Ele será uma consequência. Às vezes, o que o casal está precisando é de um tempo de qualidade para si — declara.
Atrizes como Mônica Martelli e Deborah Secco já declararam publicamente que aderiram a prática de "agendar" o sexo e um momento destinado para passar junto ao parceiro no desenrolar de compromissos familiares e profissionais.
— Cada casal vai achar o seu ritmo. Não existe certo ou errado no sexo. Se você está entre quatro paredes, entre pessoas adultas, se é consensual e está todo mundo feliz, está ok. Nós nos agarramos muito na frequência para dizer se estamos sexualmente saudáveis, mas não é assim. A qualidade também importa e muito.
Segundo Juliana, vários fatores atravessam a prática e o desejo sexual, desde questões biológicas, psicológicas e sociais, como a saúde mental, experiências passadas, autoconhecimento, tabus, etc. Por isso, a especialista também aponta para a importância da manutenção do diálogo entre o casal e o respeito às próprias vontades e às vontades do outro.
*Produção: Carolina Dill