Ainda que o sexo seja um assunto cada vez menos envolto em tabus, há mulheres que ainda fingem o orgasmo. Constrangimento em dizer que não chegou lá e receio de desagradar o parceiro ou a parceira estão entre os motivos. No entanto, ser franca é a postura mais aconselhável para quem deseja se comprometer com o próprio prazer.
— Parece que elas se sentem sob pressão quando não conseguem ter orgasmo — frisa a ginecologista e sexóloga Sandra Scalco, especialista em terapia sexual e de casal, com cerca de 30 anos de consultório.
Quando se trata de uma relação heterossexual, o medo de desagradar o homem costuma ser um fator para ela simular uma satisfação que não aconteceu. É necessário desconstruir a ideia de que o gozo da mulher é resultado do desempenho masculino, avalia a profissional.
— A visão é que, se a mulher não conseguiu chegar lá, é porque o homem não foi suficientemente hábil. Mas se ela não consegue ter orgasmo, deveria dizer o que precisa para atingir esse prazer, explicar os estímulos adequados, pedir por um tempo mais prolongado... Enfim, a mulher precisa dirigir esse ato sexual, ser protagonista do seu prazer — reforça a sexóloga.
Como chegar lá?
É indispensável falar abertamente sobre o próprio prazer para mudar o cenário e conseguir chegar ao orgasmo. Estimular-se sozinha e conhecer o caminho para o clímax é importante para, em uma relação, conseguir indicar o trajeto ao parceiro ou parceira.
No caso de mulheres com anorgasmia, a volta por cima passa por uma consulta com terapeuta sexual ou o autoconhecimento.
Quanto a gozar eventualmente, mas não em todas as relações, Sandra entende que é importante dar liberdade ao sexo e não encher a prática de regras. No entanto, por se tratar do prazer feminino, o diferencial seria lutar pela conquista do gozo, e não pela naturalização de um sexo do qual ela saiu sem chegar ao ápice, situação bastante conhecida.
— Qual relação que a mulher prefere, a que ela gozou ou a que não gozou? Gozar libera endorfina, ocitocina, dopamina. É uma sensação de pequena morta e plena satisfação. Isso é propulsor para gostar de sexo, para dar vontade de futuramente fazer de novo — argumenta a especialista.
Investir na troca de carícias prolongadas e deixar um pouco de lado a ideia do sexo baseado somente na penetração ajudam o corpo da mulher a relaxar e a se desvincular de uma noção de prática sexual baseada na visão e nos desejos masculinos.
— Mulher adora conversar, e a queixa universal das mulheres é a falta de um carinho despretensioso por parte da parceria.
Apesar de não ser consenso, há estudos que indicam que, em uma relação homossexual, entre duas mulheres, a dificuldade para gozar é menor, já que, por conhecerem o próprio corpo, elas também conseguem manipular o clitóris da parceira com mais habilidade.
Dicas para atingir o orgasmo
- Carícias sem pretensão
- Não focar diretamente na genitália
- Variar a relação com massagens, posições e outras novidades
- Fricção adequada do clitóris, seja com a mão, seja com vibrador, e por tempo prolongado
- Estimular-se sozinha para conhecer o próprio corpo e o caminho para o próprio prazer