Para além do prazer, o orgasmo pode trazer diversos benefícios à saúde feminina. Ao ser estimulado e atingir o auge da excitação, o corpo libera uma série de substâncias que reagem em diferentes partes do organismo, podendo provocar, desde a sensação de bem-estar até a melhoria das funções ósseas e cerebrais, por exemplo.
A ginecologista e sexóloga Cristina Grecco explica que a experiência com o orgasmo varia de mulher para mulher, uma vez que está diretamente relacionada a aspectos biológicos, psicológicos e sociais de cada uma. Portanto, as mudanças observadas em cada organismo são diferentes. Com isso em mente, confira nove benefícios para a saúde que podem ser provocados pelo orgasmo.
Benefícios do orgasmo para a saúde feminina
Combate à depressão e ansiedade
Com o orgasmo, o corpo libera uma série de neurotransmissores e os chamados hormônios do prazer, como serotonina, endorfina, dopamina e ocitocina, responsáveis pela sensação de bem-estar, pela redução do estresse e pelo relaxamento.
Conforme Cristina, essas substâncias contribuem na redução dos sintomas da depressão e da ansiedade.
— Em razão desses quatro hormônios, encontramos menores índices de depressão e ansiedade entre as pessoas que têm relações sexuais com mais frequência e que chegam ao ápice do prazer com mais frequência — declara.
Sono reparador
Os hormônios liberados no pico do prazer podem influenciar na qualidade do sono, já que funcionam como facilitadores do relaxamento.
— O próprio pico de ocitocina, liberado pelo orgasmo e de vasopressina é que promove esse relaxamento e auxilia na chegada do estágio de sono profundo. Esse estágio é necessário para que nós façamos as reparações do nosso cérebro e do nosso organismo — explica Cristina.
Assim, fazer sexo ou se masturbar antes de dormir pode contribuir positivamente para o processo de adormecer e para que o corpo atinja o estágio de sono profundo.
Analgésico natural
O orgasmo tem o potencial de auxiliar no alívio de dores por conta da liberação da endorfina, considerada um analgésico natural do corpo.
— Quando temos um pico de orgasmo, liberamos endorfinas, (os chamados os opióides endógenos) que são uma série de proteínas que melhoram dores que o corpo possa ter. Melhora dores de cabeça, de coluna. O orgasmo pode melhorar uma série de dores físicas. Ou seja, uma série de coisas podem acontecer só com um pico de segundos.
Saúde dos ossos
A ocitocina, conhecida popularmente como hormônio do amor, liberada pelo orgasmo, pode ajudar a prevenir o enfraquecimento dos ossos e, consequentemente, o desenvolvimento da osteoporose. A substância desempenha um papel importante na manutenção da saúde óssea, principalmente nas mulheres.
— Existem alguns estudos que indicam que o aumento da ocitocina produzido pelo orgasmo poderia favorecer a mulher a aumentar a massa óssea, sendo uma forma de combater a osteoporose. Claro que não vamos deixar de tratar essa mulher com os tratamentos específicos e indicados, mas o orgasmo e o pico de ocitocina pode ter uma importância para esse remodelamento ósseo — afirma Cristina Grecco.
Fortalecimento de vínculos
Para além dos aspectos físicos, a liberação da ocitocina também favorece a criação e o fortalecimento de vínculos afetivos e de confiança entre os envolvidos na atividade sexual.
— A ocitocina é um hormônio de estreitamento de vínculos. Isso faz com que ela deseje procurar novamente esse mesmo vínculo e queira repetir a relação.
Condicionamento físico
Chegar ao orgasmo envolve a passagem pelas etapas anteriores de excitação e estímulo. Essa movimentação com o outro — ou consigo mesma — faz aumentar a frequência cardíaca, a frequência da respiração e o fluxo sanguíneo de todo o corpo, auxiliando no condicionamento físico.
— A relação sexual é uma atividade física, que vai depender da intensidade das pessoas que estão ali praticando. Nós passamos por toda essa fase de excitação que também exige um preparo físico. Quanto mais se faz, mais preparada a pessoa vai estar. Então, melhora, sim, o condicionamento cardiovascular das pessoas.
Vitalidade da pele
Diante do aumento da frequência cardíaca, da respiração e do fluxo sanguíneo, é possível afirmar que o orgasmo contribui para a regeneração e vitalidade da pele. Inclusive, por atuar na redução do estresse, o prazer influencia na redução dos níveis do hormônio cortisol, o qual, em altas quantidades, é capaz de aumentar a sensibilidade cutânea.
— O coração vai bombardeando mais sangue para o corpo inteiro, isso faz com que a nossa pele também o receba mais. Portanto, recebendo sangue, recebe mais oxigênio e mais nutrientes, micronutrientes, vitaminas e minerais, que são importantes para dar esse viço. Alguns estudos falam que, por conta do orgasmo aumentar esses hormônios da felicidade, ele baixaria o nível de cortisol, reduzindo a chance de desenvolver acne, por exemplo — detalha a ginecologista e sexóloga.
Cérebro ativo
Durante o clímax, o cérebro torna-se inteiramente ativo e trabalha arduamente para produzir os diferentes hormônios e neurotransmissores. Cristina explica que, para isso, ele recebe uma grande quantidade de fluxo sanguíneo e de oxigênio, o que estimula as atividades cerebrais:
— Vai muito sangue para o cérebro, o que vai aumentando o fluxo sanguíneo e, com isso, também aumenta a longo prazo a neuroplasticidade. O orgasmo aumenta as chances de melhora dessa plasticidade cerebral com relação às demências vasculares. Inclusive, já se fala muito sobre a questão do Alzheimer e de outras demências não vasculares.
Autoestima
O orgasmo é um dos eventos mais prazerosos que o corpo pode sentir. Seja conquistado por meio da relação sexual ou da masturbação, o clímax está diretamente relacionado ao conhecimento sobre o próprio corpo e sobre si mesma. Assim, a busca pelo prazer pode levar ao aumento da autoestima.
— O orgasmo acaba sendo um importante reforçador do conceito de que a mulher tem sobre si mesma. Ele acaba dando poder para essa mulher. Ela entende que o corpo dela é potente, funciona potentemente como um incentivador de todas as outras potências do feminino dela. Ela se enxerga de uma maneira mais compassiva, começa a se enxergar como uma mulher mais poderosa de fato — aponta.
Cristina Grecco propõe que mulheres que desejam um sexo mais prazeroso, seja com ou sem orgasmo, devem começar olhando para si mesmas a partir de um processo de autoconhecimento, procurando entender a própria biologia sexual e os estímulos eróticos que lhe dão mais prazer.
Nesse sentido, torna-se importante ressignificar crenças limitantes, que, muitas vezes, acabam impedindo que as mulheres aproveitem as sensações que o corpo é capaz de proporcionar. Por fim, sugere que haja um manejo do estresse do dia a dia e um entendimento mútuo das dinâmicas e dos desejos do casal.
*Produção: Carolina Dill