Atingir o orgasmo significa ter uma série de sensações intensas da cabeça aos pés. Isso ocorre porque, ao ser estimulado e alcançar o auge da excitação, o corpo libera substâncias que provocam reações físicas e psíquicas.
A ginecologista e sexóloga Michelli Osanai explica que o ciclo da reposta sexual humana evolve quatro estágios: o desejo, a excitação, o orgasmo e a resolução. Você já parou para pensar o que acontece no corpo nessas etapas do prazer?
O orgasmo é a fase de máxima atividade fisiológica, mas os momentos antes, durante e depois da relação sexual ou da masturbação também são capazes de provocar reações que se manifestam de diversas formas no organismo. Entenda:
As etapas do prazer feminino
Desejo
O desejo é a primeira fase da relação sexual. É provocado, sobretudo, por estímulos sensoriais, como ver alguém atraente, ouvir a voz dessa pessoa ou sentir seu cheiro. Funciona como um impulso produzido pela ativação de um sistema neuronal específico do cérebro, que tende a produzir comportamentos sexuais.
— Ocorre como uma vontade ou impulso de buscar uma prática sexual, quando falamos do desejo espontâneo; ou como uma resposta a estímulos preliminares, tais como beijos e carícias, quando somos receptivas a eles. Ambas as formas de desejo, seja espontâneo ou responsivo, são válidas — afirma a especialista.
Excitação
Após despertado o desejo, conforme a ginecologista e sexóloga Michelli Osanai, normalmente o corpo responde com a excitação. Os estímulos físicos e psicológicos desencadeiam uma série de reações neuro-hormonais no cérebro, promovendo, por exemplo, a produção de fluidos lubrificantes na vagina e a ereção do clitóris.
— Durante a excitação há sinais físicos, como aumento do volume dos pequenos e grandes lábios, ereção do clitóris, alongamento da vagina e o aumento da lubrificação vaginal. Ocorre também aumento do ritmo respiratório e cardíaco, e uma tendência a contrair os músculos, especialmente das mãos, pernas e pés — exemplifica.
Orgasmo
Ao atingir o nível máximo de excitação, a mulher pode — ou não — chegar ao orgasmo. Ele nada mais é do que uma descarga de tensão energética: há um acúmulo de carga no momento de excitação e toque. O orgasmo dura alguns segundos e pode ser experimentado de diferentes maneiras, que varia de uma mulher para outra.
Mais objetivamente, o orgasmo provoca uma série de contrações espontâneas dos músculos do períneo em torno da vagina, como um latejamento, acompanhadas de uma sensação intensa de satisfação.
— Nesse processo são liberados hormônios e neurotransmissores associados ao prazer e bem-estar, como a ocitocina, a dopamina, a noradrenalina e as endorfinas, além de substâncias que atuam com ação ansiolítica e sedativa — acrescenta a sexóloga.
Resolução
A fase de resolução é quando há regressão das mudanças físicas observadas nas fases anteriores, com gradual retorno do corpo às condições normais de quando não está excitado. Michelli explica que, nessa fase, após as sensações intensas do orgasmo, ocorre um período de intenso relaxamento e aquela agradável sensação de "moleza".
Segundo a ginecologista e sexóloga, as quatro fases nem sempre são bem definidas e separadas umas das outras. Elas podem variar de indivíduo para indivíduo e em diferentes contextos.
Tais aspectos, entretanto, não devem ser racionalizados durante o ato sexual. Quem pensa demais na hora pode acabar bloqueando a excitação. O momento deve ser de entrega ao presente e às sensações prazerosas.
Benefícios para o corpo
Para além do prazer, o orgasmo pode trazer diversos benefícios para o corpo como um todo, desde a sensação de bem-estar até a melhoria de funções ósseas e cerebrais. Confira alguns deles citados pela sexóloga:
- Aumento da capacidade física e pulmonar;
- Melhora da vascularização e da musculatura pélvica;
- Fortalecimento do períneo e da lubrificação vaginal;
- Sensação de bem-estar;
- Relaxamento, funcionando como válvula de escape para o estresse.
— Para os parceiros, proporciona maior conexão, intimidade, satisfação sexual e conjugal — destaca.
Por fim, é importante realçar que nem toda relação sexual deve, obrigatoriamente, resultar em orgasmo.
— A resposta sexual envolve um mecanismo bastante complexo que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. Um desequilíbrio em uma ou mais dessas áreas pode levar a transtornos sexuais. Assim, é preciso enfocar a sexualidade dentro de um contexto integral, não só genital, no qual percebemos fortemente o impacto de fatores psicológicos individuais e da qualidade da relação na resposta sexual feminina — finaliza a especialista.
*Produção: Carolina Dill