Desde o início da pandemia, são inúmeras as relações - de trabalho, de amizade - que se reinventaram para poder se encaixar nas possibilidades do momento. E, é claro, os relacionamentos amorosos estão inclusos no pacote. Como ter um primeiro encontro seguro em tempos de covid-19, sem sair de casa? A tecnologia dá uma ajudinha.
Já ouviu falar em "videodate"? Apesar do nome diferente, o encontro virtual não é nada mais que uma chamada de vídeo com o (a) pretendente. O recurso está tão em alta que o aplicativo de namoro Happn lançou, em junho, a função de videochamadas na própria plataforma para facilitar o contato.
Para ajudar quem nunca participou de um encontro na internet, conversamos com especialistas e listamos dicas de como fazer a interação ser o mais confortável e certeira possível. Confira:
Que look usar?
A principal coisa a se pensar, para a consultora de imagem Ana Carrard, é que, quando a gente vai conhecer alguém pela primeira vez, a imagem é tudo o que podemos oferecer inicialmente. Então é importante se perguntar: que imagem quero passar? Essa resposta passa também pela escolha da roupa.
— A ideia é que a pessoa se vista, se posicione e se comunique de acordo com a imagem que ela quer passar para a outra. É claro que a gente pode pensar como uma brincadeira, e encarnar personagens para cada date. Ou não: se quer que a pessoa realmente te conheça, então tente ser o mais natural e verdadeira possível também na sua imagem — pontua.
E isso não é nada fácil, né? Ana dá a dica: pense o que você de fato vestiria para um encontro real, em um café ou em um bar.
— Digamos que você combine esse date virtual à noite. Aí pode se vestir como se estivesse indo para um bar. Se for combinar de se encontrar de manhã ou de tarde, pode ser como se fosse para um café. Dá para ter esse parâmetro — aconselha.
Como ter uma boa luz?
A fotógrafa e especialista em pós-produção de imagem Renata de Paula afirma que a luz solar é uma parceira valiosa para realçar a sua imagem na hora do videodate. Por isso, tente marcar o encontro em períodos do dia com abundância de luz natural. Se o ambiente escolhido for em áreas internas da casa, busque uma janela ou outro local iluminado por uma luz natural suave.
Caso não haja a luz natural - à noite, por exemplo -, use uma fonte de luz artificial simples, como um abajur, indica a fotógrafa. Outra sugestão é usar a temperatura quente para a luz, no tom amarelado, criando um conceito de sofisticação e aconchego.
— É importante ressaltar que a luz nunca fique marcada no rosto, para evitar desenhos de sombras na pele, que é outro aspecto importante da imagem — recomenda.
Para apoiar o celular, opte por um móvel - esse posicionamento vai fazer você conseguir interagir sem ficar muito limitada, sugere Renata.
E o cenário ideal?
Além da luz, o ambiente também é uma arma que pode te favorecer. Não precisa tirar todos os móveis do lugar, mas se posicione onde tiver mais profundidade na casa. Vasos de plantas, estantes de livros e objetos ajudam a compor o ambiente.
Caso você tenha um cantinho preferido, invista nele para montar o seu cenário, o que também pode te deixar mais à vontade.
Como fazer o papo fluir?
O encontro virtual pode ter algumas vantagens, destaca a filósofa e psiquiatra da Afya Educacional, Lícia Milena de Oliveira. Você vai estar segura, em casa, e pode interromper o contato na hora que desejar, sem maiores dificuldades. Claro que, em um encontro presencial, a avaliação do outro é mais completa - cheiros, gestos, a maneira com que se comporta no ambiente social. Então o papo, neste contexto, ganha maior protagonismo.
— Isso faz com que o conteúdo da conversa fique muito mais importante, o que é legal para você selecionar uma pessoa que tenha uma maior identidade com você. Mas isso também não significa que você deva partir para conversas pesadas, como relacionamentos antigos, frustrações da vida — aconselha a profissional.
O que pode acontecer é ficar sem assunto. E, sim: isso pode ser um indicativo de que talvez aquela pessoa não seja a melhor escolha para você. O interessante é tentar não deixar aquele desconforto de ficar longos segundos em silêncio. Lícia dá a dica: pergunte sobre o outro - se gosta de viajar, quais lugares conhece, o que gosta de fazer no tempo livre, que tipo de música gosta de ouvir, que tipo de livro gosta de ler etc. Mas não custa lembrar: tente evitar perguntas muito pessoais logo de cara.
Como saber se está dando certo?
Se a pessoa está interessada no assunto, vai querer prolongar o papo, responder às perguntas com alegria e devolver outras de volta, dar risadas. E, claro, vai surgir o desejo de ter outro encontro. Para Lícia, se arrumar para a chamada também é uma maneira de demostrar que você se preocupa em causar uma boa impressão e, consequentemente, se importa com a pessoa.
— Virtualmente, você tem uma gama maior de pessoas à disposição. Tem chance de encontrar mais gente, e de filtrar essas pessoas. De estar em um lugar seguro e só se expor quando desejar, quando sentir segurança, e de já fazer a triagem. Ver como fala, como se porta, como escreve, como se comunica com você. Isso já diz muito, e na minha opinião é uma boa triagem para que você vá para o encontro presencial com segurança de que realmente aquela é uma pessoa que importa, que marcou você no encontro virtual — conclui a profissional.