Os dois se conhecem, se apaixonam, começam a namorar e decidem, por fim, juntar as escovas de dente. Enfim a sós! E então a realidade bate na porta. Falando em porta: ela fica aberta quando um dos dois vai ao banheiro? E o celular, é pra ficar de olho no que o outro anda curtindo e com quem está trocando mensagens no WhatsApp? Será que o casal abre ou não uma conta conjunta no banco?
Conversando com as leitoras de Donna nas redes sociais, descobrimos opiniões sobre os limites da intimidade em um relacionamento amoroso, que vão desde não deixar mexer no celular de jeito nenhum a cortar a unha do outro sem nojinho.
O que se destacou entre os comentários foi o banheiro. Quase consenso: a porta fica fechada!
Leia alguns relatos (são todos anônimos):
"19 anos de relacionamento e não abro mão de ir no banheiro sozinha, e de porta fechada", disse uma.
"Sou casada há 16 anos. Intimidade total. Claro que não fazemos cocô um na frente do outro todos os dias, mas se precisar não temos estresse com isso. Corto as unhas do pé dele…", afirmou outra.
Rolou também discussão sobre dinheiro, e as opiniões foram das mais diversas.
"Dividimos as contas, podemos dar presentes, às vezes um paga o restaurante ou o outro, mas até hoje não sei quanto ganha meu marido... 11 anos juntos", comentou uma.
"Contas bancárias separadas: por que meu marido tem que saber quanto custou meu sapato ou o presente que dou? Dividimos no centavo nossas contas, mas faço questão de não ter conta conjunta!", revelou outra.
"Temos conta bancária conjunta, as senhas dos cartões são comuns, saco e deposito dinheiro das contas, pagamos tudo junto sem divisão. Tenho a senha do celular e dos e-mails, mas não fico fiscalizando. Para nós é muito natural e somos felizes assim. Creio que a intimidade vai muito além de fazer ou não cocô na frente do cônjuge. Na intimidade compartilhamos sonhos e para isso a sinceridade, inclusive nos ganhos/gastos, é extremamente necessária. Somos uma só carne", explicou mais uma.
E, claro, não podia faltar o principal tópico da vida moderna: o celular. Assim como pode ser um facilitador do romance, o objeto também costuma destruir relações em questão de segundos.
"Privacidade no celular é o principal. Eu e meu namorado sabemos a senha um do outro para casos de emergência. Nunca invadimos a privacidade um do outro por questões de insegurança", ponderou uma.
"A regra é clara: eu não mexo no dele e nem ele no meu!", resumiu outra.
Essa fusão de ter a senha do celular, conta conjunta, ir ao banheiro e sentir o fedor do outro faz as pessoas caírem na temerosa rotina."
LÚCIA PESCA
sexóloga
A verdade é que cada casal constrói o seu jeito de conviver de forma que faça sentido para eles. Mas, para refletir além das questões cotidianas, a psicóloga e sexóloga Lúcia Pesca e o psicólogo Gustavo Gomes dão dicas para que a relação seja o mais saudável possível.
Respeite a individualidade de cada um
O importante é que não se perca a individualidade dos envolvidos. Por isso, é indicado que cada um tenha o seu próprio "mundo" - ou seja, interesses e gostos próprios. Dessa forma, os dois sempre irão trazer novidades para a relação e, segundo a sexóloga, respeitar esse espaço é o que faz as pessoas quererem continuar juntas.
- Essa fusão de ter a senha do celular, conta conjunta, ir ao banheiro e sentir o fedor do outro faz as pessoas caírem na temerosa rotina - opina.
Converse sobre os limites do relacionamento
Talvez o seu trabalho seja algo que você queira deixar dentro do seu universo e, por isso, tudo que envolva a profissão - colegas, festas da empresa - não vai estar presente de uma forma tão próxima ao casal. E o mesmo pode acontecer com algumas amizades, pontua Gustavo.
Cada casal irá combinar o que fará parte da esfera de cada um. Por isso, explica o psicólogo, é de extrema importância uma conversa sincera para que se definam as cláusulas que vão conduzir o relacionamento.
Entenda as bagagens emocionais do outro
Para Gustavo, não existe uma resposta certa em qual é o limite da intimidade: essa ultrapassagem é singular e vai depender de cada relacionamento. Por isso, também é importante entender a bagagem de experiências que cada pessoa carrega consigo para dar sentido à forma que ela se relaciona.
- Alguém que, ao longo da sua vida, acompanhou uma série de traições no seu contexto familiar, quando está em um relacionamento, pode se colocar de uma forma muito mais ansiosa e com receio de que o parceiro traia - exemplifica.
Com muita conversa e, se entenderem como necessária, terapia, o casal pode adequar esses anseios dentro de uma convivência que seja saudável para ambos.