O fim de um relacionamento nunca é fácil – não importa se foi você quem tomou a decisão. Não à toa, ser amiga do ex pode parecer algo impensável para muita gente.
Recentemente, a coach e empresária Mayra Cardi anunciou que se separou do ator Arthur Aguiar. Em um longo desabafo, ela refletiu sobre a relação do casal e a maternidade. Eles têm uma filha juntos, Sophia, de um ano.
– Eu e o Arthur seremos sempre amigos e pais da Sophia, mas não somos mais homem e mulher – disse ela.
E você? Se sente pronta para ser amiga de um antigo parceiro?
Levamos a questão para o grupo de leitoras de Donna no Facebook. As respostas foram diversas. Algumas jamais cogitariam essa possibilidade. Outras tiveram experiências melhores: descobriram que se davam ainda melhor com o ex como amigo mesmo. E há também aqueles ex-casais que não são amigos nem inimigos – convivem cordialmente, se for inevitável.
– Não existe uma recomendação ou uma receita. Cada término é uma experiência única. A separação é sempre um processo difícil. O termo é praticamente sinônimo de luto e perda. É uma situação muito individual e que exige maturidade e equilíbrio emocional – diz a psicanalista Ariane Severo.
Só é possível manter uma amizade depois do fim do envolvimento amoroso se estiver muito claro para os dois a necessidade da construção de um novo tipo de relacionamento, destaca Ariane. De nada adianta tentar ser amiga do ex se você agir exatamente da mesma forma de quando vocês estavam juntos.
– É algo diferente de tudo o que existiu antes. É uma nova situação – afirma Ariane.
No entanto, a psicanalista reforça que, se o motivo do rompimento envolveu a perda de confiança de uma ou das duas partes, é muito difícil que haja interesse em retomar a relação:
– Respeito e admiração são condições mínimas para que haja um sentimento verdadeiro em relação a essa amizade.
É uma situação muito individual e que exige maturidade e equilíbrio emocional".
ARIANE SEVERO
psicanalista
Se o término é recente e você sente que não é o momento de se relacionar com seu ex, a especialista orienta a não atropelar seus sentimentos. É clichê, mas às vezes só o tempo pode amenizar qualquer desconforto emocional que a situação impõe. Foi o que aconteceu com a servidora pública Jordana Regina Francisco, de 30 anos:
– Tive um relacionamento de dois anos e meio com o meu ex e, acredite, achei que nunca mais iria falar com ele. Após 11 anos sem contato, tive uma mudança de emprego e sabe o que aconteceu? Ele é meu colega de trabalho, atuamos na mesma sala, um de frente para o outro, e nunca tivemos problemas. O que ficou foi a amizade, o carinho e o respeito um pelo outro.
Separação com afeto
Quando a relação gerou filhos, a situação é um pouco mais delicada – ainda mais quando há disputas de guarda ou pensão. No livro Manual da Separação – Guia Prático, Funcional e Acolhedor, que lista 20 passos para uma separação amigável, a advogada Paula Britto é categórica: se você teve filhos com ele, o ex é para sempre. Caberá a cada um, destaca, fazer a sua parte para construir uma relação minimamente saudável.
– Sendo para sempre, a decisão de me relacionar melhor com outro é minha, sim. A saúde do relacionamento parental chega na saúde emocional e psíquica dos filhos – afirma. – Se a criança percebe que a mãe respeita o pai e o pai respeita a mãe, isso é um afeto tão grande. Quando não for possível, ok. Mas então vamos fazer o melhor possível? Tem como não falar mal do pai ou da mãe para o filho? Não precisa ser amigo. Mas respeita essa figura.
A saúde do relacionamento parental chega na saúde emocional e psíquica dos filhos".
PAULA BRITTO
advogada
A corretora de imóveis Luana Chies, 37 anos, vê na prática os benefícios de ter um ótimo relacionamento com o ex. Ela e o pai da filha de cinco anos bem que tentaram ficar juntos, mas a relação ficou melhor ainda depois que acabou o casamento:
– Antes de nos separarmos, fizemos oito meses de terapia de casal e percebemos que não seríamos mais felizes como marido e mulher, mas descobrimos que a nossa amizade e o carinho um pelo outro é imensurável. Somos muito melhores como amigos, viajamos juntos, frequentamos um a família do outro, e a nossa filha é a maior beneficiada com a relação de carinho, respeito e amizade que ficou entre nós.