Exaustas, porém felizes, é como se sente a maioria das mulheres consultadas na pesquisa A Fala das Mulheres. Realizada com 1.149 brasileiras pela plataforma Fala Feminina, o levantamento abordou a satisfação delas na vida profissional, familiar e amorosa. De acordo com as respostas, ainda que a maior parte admita nível alto de cansaço, quase 80% das participantes afirmaram serem felizes.
Questionadas sobre o nível de cansaço que enfrentam no dia a dia, numa escala de 1 a 5, 63% escolheram os números 4 ou 5, enquanto 11,7% deram nota 1 ou 2. A divisão desigual das tarefas domésticas é apontada como o fator decisivo para a avaliação, sendo que 56% das entrevistadas relatou que o parceiro não contribui com os afazeres. Entre as que compartilharam os cuidados com o companheiro, 88% estão felizes no relacionamento. O índice cai para 58% nos lares com divisão desigual.
O cuidado com os filhos também aumenta o cansaço das brasileiras, já que as mães se descrevem como cansadas 44% mais do que as mulheres sem filhos. Para 54,8% das brasileiras com filhos, a maternidade é considerada um trabalho.
Já entre os problemas apontados no âmbito profissional, 57% reclamam do tratamento desigual em relação aos homens e 55% acreditam que recebem menos reconhecimento do que merecem. Já o assédio e discriminação é vivido por 52% das consultadas e a falta de oportunidades afeta o mesmo índice. A carreira de 52% delas foi prejudicada por conta da maternidade ou do cuidado com a família e 51% enfrentou resistência dos colegas à liderança feminina.
Maternidade
Embora 67,8% das mulheres tenham atribuído a nota máxima ao serem questionadas sobre o quanto é desafiador conciliar a maternidade com a carreira, a experiência é considerada uma das mais importantes na vida de 27% das com 50 anos ou mais, mesmo índice atribuído à menopausa e à frente de etapas como casamento, divórcio ou adolescência.
Entre as entrevistadas, quase 40% admitiu ter de renunciar a atividades profissionais que traziam realização a elas por conta dos filhos, enquanto 51% afirmou que abriu mão de rotinas de autocuidado, 45,6% de viajar, 43,7% de passear, 41,2% de praticar hobbies e 38,9% de exercitar-se. Mesmo assim, 78% não voltaria atrás na decisão de ser mãe.
Empoderamento
O levantamento revelou que 80% das mulheres está no mercado de trabalho, sendo 27% como funcionárias de empresas, 20% como empreendedoras e 10% como servidoras públicas. Apenas 6% das consultadas se definem como donas de casa. Entre as empreendedoras, 48,6% dizem ter aberto um negócio por necessidade.
As despesas são divididas nos lares de 60,1% das participantes, enquanto 23,8% tem as despesas pagas pelo parceiro e em 11,7% dos casos, elas são as provedoras. Segundo a pesquisa, os homens tendem a participar mais das tarefas da casa quando as mulheres sustentam o lar. Já quando a situação é oposta, é ela a responsável pelas tarefas.
Além de 79,9% se declararem felizes de maneira geral, 72,3% das consultadas estão contentes com o relacionamento e 58,4%, satisfeitas com a ocupação profissional atual.
Maturidade
Segundo a pesquisa, 36% das brasileiras entre 50 e 60 anos mantém relações sexuais toda semana e 17% indicou que a vida sexual melhorou nesta faixa de idade. Como um todo, 32% disseram fazer sexo ao menos uma vez por semana, 21% uma vez ao mês e 1% todos os dias. Para 7%, a vida sexual nunca foi boa.
A faixa etária de 50 a 60 anos ainda foi escolhida como a melhor idade por 26% das entrevistadas, sendo que elas representam 24% das participantes. Os índices são similares para as faixas de 30 a 40 anos (23%) e de 40 a 50 anos (24%). Para 64,8%, as pessoas só se tornam velhas a partir dos 80 anos e 90% não se opõe a falar a própria idade.
A pesquisa
A Fala das Mulheres fez 87 perguntas para 1.149 brasileiras, sendo que 95% mora no Brasil. Foram ouvidas moradoras de 26 cidades das cinco regiões do país, sendo 15 capitais — incluindo Porto Alegre. Do total, 73,1% se declaram brancas, 15,5% são pardas e 10,4%, negras. Quase 90% são heterossexuais, 7% são bissexuais e 2%, homossexuais. Metade das entrevistadas é casada e 64,8% têm filhos.