O Rio Grande do Sul está entre os cinco Estados nos quais as atividades domésticas são melhores divididas entre homens e mulheres. Apesar disso, elas chegam a dedicar 7,6 horas semanais a mais do que eles aos cuidados da casa, 120 minutos a menos do que a diferença média brasileira.
Os números fazem parte do estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE). Para este indicador, o estudo considera os dados obtidos através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
De acordo com o IBGE, o dado “é de extrema importância para dar visibilidade ao trabalho não remunerado, realizado, principalmente, pelas mulheres”. Em nível nacional, a dedicação das mulheres às atividades domésticas e aos cuidados de pessoas chega quase ao dobro da dos homens. São 21,3 horas semanais contra 11,7 horas.
Para este dado, a PNAD considera horas semanais dedicadas pelas pessoas de 14 anos ou mais, independentemente de estarem no mercado de trabalho ou não.
Quando os números se restringem às pessoas que estão ocupadas, a diferença de horas dedicadas por homens e mulheres para as atividades domésticas diminui. A queda na disparidade, no entanto, não se deve a uma maior participação masculina nas atividades domésticas. Conforme os números, caem as horas que elas dedicam aos cuidados com a casa sem que os homens se tornem mais participativos.
Em nenhum Estado foi encontrado o aumento da participação masculina nas atividades domésticas, quando comparados os dados gerais com os números referentes aos homens com ocupação. No RS, as mulheres que possuem alguma ocupação se dedicam 5,5 horas semanais a mais do que os homens, que também estão ocupados, nos cuidados do lar.
Reflexo no mercado de trabalho
Na apresentação dos dados, o instituto afirma que “a maior dedicação às atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos acaba por restringir uma participação mais ampla das mulheres no mercado de trabalho”. Isso porque em 2022, no Brasil, a taxa de participação das pessoas com 15 anos ou mais de idade no mercado de trabalho (ocupadas ou em busca de trabalho e disponíveis para trabalhar) chegou a uma diferença de 19,8 pontos percentuais entre homens e mulheres.
Essa diferença fica ainda maior em domicílios com crianças de até seis anos. O nível de ocupação de pessoas de 25 a 54 anos no Brasil tem uma diferença de 21,3 pontos percentuais entre homens e mulheres. No RS, essa diferença é de 15,3 pontos percentuais.
Outro dado que evidencia como os afazeres domésticos restringem a participação feminina no mercado de trabalho é o relacionado ao período do dia destinado à atuação profissional. Com mais horas dedicadas às atividades domésticas, a porcentagem de mulheres que possuem ocupação de tempo parcial chega ao dobro da masculina no sul do país.
Dentre as mulheres que estão ocupadas na região, 22,3% possuem ocupação de tempo parcial. Já a porcentagem entre os homens ocupados no Sul chega a 9,7%, menos da metade da parcela feminina.
Por fim, a menor presença feminina no mercado de trabalho se reflete no rendimento habitual, independente se é formal ou informal, integral ou parcial. Conforme os dados do IBGE, no Sul do Brasil, o rendimento feminino representa 74,6% do masculino.