Você já ouviu falar em Agosto Dourado? Trata-se de um mês dedicado a ações em apoio ao aleitamento materno. Para muitas mulheres, esse período é sempre rodeado de muitas angústias e incertezas e a prática acontece de forma diferente para cada mãe. Há quem amamente com facilidade, quem não consiga tão fácil assim e quem tenha dificuldades no momento do desmame.
Para ajudar neste momento, a consultora de amamentação Rosane Baldissera responde às principais dúvidas das gestantes e das mães que estão iniciando a amamentação.
Durante a gestação, existe algo que eu possa fazer para me preparar para a hora da amamentação?
Sim! O principal é procurar informações de qualidade sobre o assunto. Como é a pega correta, qual é a posição correta do bebê ao mamar, o que é livre demanda, quais os sinais de que a amamentação está adequada são alguns exemplos. Não é recomendado atualmente o preparo das mamas na gestação como esfregar buchas ou toalhas, passar pomadas, fazer exercícios nos mamilos e pegar sol, pois elas não ajudam a evitar as temidas fissuras.
Existe um jeito certo para o bebê mamar?
Sim. Antes de fazer o bebê abocanhar o seio (pega), ele deve ser posicionado adequadamente. O corpo da criança deve estar todo virado e junto ao da mãe. Cabeça e corpo do bebê devem estar alinhados, a boca deve ficar em frente o mamilo. Após posicionar bem o bebê, tocar o mamilo nos lábios do bebê faz com que o bebê abra bem a boca e assim fazer a pega na maior parte da aréola (parte escura do seio). Se o bebê fizer a pega somente no mamilo, vai doer muito e machucar e neste caso o bebê deve ser removido do seio (introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e removê-lo), e deve-se fazer novamente o processo.
Qual é o tempo ideal para amamentar?
Recomenda-se que a amamentação seja exclusiva (sem qualquer outro líquido ou alimento) nos primeiros seis meses de vida do bebê, e que ela seja mantida até os dois anos.
A alimentação da mãe interfere no leite? Qual a dieta mais recomendada antes e durante a amamentação?
Tudo o que a mãe ingere passa via leite materno ao bebê. Portanto, o indicado é ter uma alimentação saudável, com uma variedade de alimentos nutritivos e de preferência orgânicos (60% dos agrotóxicos dos alimentos também passam via leite materno ao bebê), evitando industrializados. Qualidade, variedade e quantidade é a chave de uma alimentação adequada em qualquer fase da vida. Durante a amamentação, deve-se evitar o “excesso” de alimentos estimulantes como café e chá preto e verde e chimarrão, pois podem estimular o bebê e prejudicar seu sono.
É possível consumir bebidas alcoólicas durante a amamentação?
A preferência é que sejam evitadas, mas caso a mãe queira beber um pouco, não há problema, desde que seja uma pequena dose (um copo de cerveja, uma taça de espumante ou de vinho). É recomendado também evitar amamentar nas duas horas seguintes.
Acho que meu leite é fraco. Preciso complementar a alimentação do bebê?
Um dos maiores mitos que ainda existe na amamentação é sobre o tal leite fraco. Isso não existe. O leite materno é sempre o mais adequado ao bebê. Ele é digerido facilmente, o que pode fazer com que o bebê mame com mais frequência. Se seu filho está com ganho de peso adequado, se desenvolvendo bem, urinando e evacuando adequadamente, não há necessidade de complementar a alimentação.
Quanto tempo deve durar cada mamada?
Cada bebê apresenta um tempo e um intervalo de mamada. Mas em geral a regra é simples: ao sinal de fome (ou sede também), deve-se colocar o bebê para mamar e deixá-lo mamando até que largue o seio. Caso ele queira mais, a mãe pode oferecer o outro seio na mesma mamada.
Como saber se a criança mamou o suficiente?
Acompanhar a quantidade de urina e fezes é um bom parâmetro para saber se o bebê está mamando bem. Se entra leite em quantidade suficiente, as fraldas ficam cheias de urina e fezes (após o primeiro mês, o bebê pode ficar alguns dias sem evacuar, mas urina tem que ter sempre).
Meu peito vai cair ou diminuir se eu amamentar?
Não é a amamentação que faz os peitos caírem ou ficarem menores. O fator que pode provocar alteração no seio da mulher é genético – se sua mãe tem seios flácidos, você também tem maior propensão de ter, independente da amamentação. Outro ponto que influencia é o número de gestações – quanto mais filhos você tem, maior a possibilidade de seus seios ficarem mais flácidos. Isso porque os seios crescem durante a gravidez e o “estica e volta” faz a pele não voltar como antes.
Próteses de silicone nos seios atrapalham o aleitamento?
Em geral, elas não prejudicam a amamentação, mas em alguns casos, como quando a prótese tenha sido colocada pela aréola, pode haver corte de ductos mamários (onde o leite é liberado das glândulas para os mamilos), o que pode ocasionar redução do fluxo, ou em casos de próteses muito grandes, que podem causar pressão nas glândulas e ductos, podendo dificultar a ejeção do leite.
Sentir dores no peito durante a amamentação é normal?
É comum, mas não é normal. A dor é sinal de que algo não está certo. A nutriz que sente dor na amamentação precisa de ajuda de um profissional, para identificar o que está acontecendo e intervir de maneira correta para que o processo seja indolor. A dor é um dos principais motivos de desmame precoce e precisa ser sanada o quanto antes.
É possível engravidar durante a fase de amamentação?
Sim. Durante a amamentação, deve-se utilizar algum método contraceptivo para evitar uma nova gestação, se assim o quiser. É importante conversar com o ginecologista sobre os métodos contraceptivos compatíveis com a amamentação.
Na próxima coluna vamos falar sobre as mães que não conseguiram amamentar. Se tiver alguma dúvida ou dividir sua história com a gente me manda um e-mail no vanessa@maezinhavaicomasoutras.com.br
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.