Se lidar com dinheiro não é uma tarefa fácil nem para nós, adultos, imagina para uma criança. Mas quanto mais cedo começarmos a ensinar educação financeira aos nossos filhos, melhor. É muito mais provável que eles cresçam responsáveis financeiramente.
De forma prática, há pequenas dicas que podem ser incorporadas no dia a dia das famílias e que farão grande diferença no futuro. A economista Patrícia Palermo listou algumas para te ajudar nesse processo. Confira:
Entre 3 e 5 anos
Entre os 3 e os 5 anos, as crianças gostam do concreto, por isso promova o aprendizado a partir de atos do cotidiano e introduza coisas novas de forma leve e lúdica. Existe uma série de pequenas coisas que podemos fazer sem alterar nossa rotina.
Ensine o valor das coisas
Deixe as crianças manusearem notas e moedas de verdade – ensine que aquilo tem valor, e chame a atenção delas quando usar uma nota ou moeda para pagar algo. Experimente fazer compras no supermercado usando esses recursos. O cartão de crédito/débito é abstrato demais para os pequenos.
Use brincadeiras para falar de dinheiro
Em casa, brinque de supermercado, feira e loja usando dinheirinho de brincadeira. Diga a diferença entre dinheiro de verdade e de mentira. Explore a ideia de que coisas diferentes tem preços diferentes e que não há dinheiro para comprar tudo sempre.
Use cofrinho
Apresente aos pequenos um cofrinho. Dê preferência a um transparente. Elabore com ele um objetivo e o incentive a juntar (contribua sempre que possível com algumas moedas). Lembre-se de elaborar um objetivo simples, de fácil alcance e, seguidamente, convide-o para contar o montante poupado e o quanto falta. Faça perguntas do tipo: Como podemos poupar? E quando for comprar algo pergunte se ele prefere comprar ou poupar e depois converse sobre a decisão tomada.
Programe-se
Aprender a esperar é uma das lições mais importantes para um futuro financeiro saudável. Um jeito bacana de tentar tornar concreta a ideia da espera é construir um calendário e contar os dias para a chegada de algo que ele espera muito e você não pode adiantar, como por exemplo a estreia de um filme ou uma festa de aniversário.
Mostre os limites
Lembre-os que há coisas que precisamos pagar e outras não, e mesmo assim têm valor e são importantes como brincar com um amigo numa praça. Isso ajuda a criança entender que o dinheiro compra muita coisa, mas não compra tudo.
Explique a diferença entre necessidade e desejo
Quando for ao supermercado, use as compras para ensinar a diferença entre o que QUEREMOS e o que PRECISAMOS. Peça para seu filho ajudar na hora de comprar os produtos, pedindo-o para classificar embaixo do carrinho o que precisamos e em cima o que apenas queremos. Na hora de pagar, passe primeiro o que é preciso e explique que, no caso de faltar dinheiro, devemos priorizar o que é necessário.
Sem desperdícios
Em casa, convide-o para ser um agente que evita o desperdício. Por exemplo, transforme-o num XERIFE DA ENERGIA e o convide a desligar as lâmpadas dos ambientes que não tem pessoas na casa.
É trabalho
Não deixe de explicar que o dinheiro vem do trabalho e que as pessoas têm trabalhos diferentes.
A partir dos 6 anos
Aqui mudamos a estratégia introduzindo a semanada, evoluindo para a quinzenada e depois para a mesada. Lembre-se que a mesada deve ser única e exclusivamente um instrumento de educação financeira.Jamais remunere bom comportamento ou boas notas. Recompensas por trabalhos não cotidianos, como lavar o carro, é admissível. Estimule a divisão do recurso em dois grupos: dinheiro para gastar e dinheiro para poupar.
Ajude-o a fazer planos
Trace objetivos (factíveis) e sempre incentive as anotações de recebimentos e pagamentos.
A importância do autocontrole e das escolhas
Lembre-o que ao gastar sempre estamos fazendo escolhas, por isso procurar preços mais baixos é uma ótima maneira de poupar. Por fim, deixe-o fazer escolhas boas e ruins, e depois reflita os resultados. Crianças que aprendem a refletir sobre suas decisões gerenciam melhor seu dinheiro quando adultas.
Não esconda
Em casa, não afaste a criança quando falar de dinheiro nas questões cotidianas. Mostre a conta de luz, o condomínio. Convide-a para fazer a lista do supermercado e mostre quanto custa as coisas que “aparecem na geladeira”. Se a família quiser fazer uma viagem ou qualquer outro plano, envolva sempre a todos. Objetivos em que todos estão comprometidos são alcançados mais facilmente.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto emrevistadonna.com.