"Não foi nada". "Engole o choro". "Está fazendo tempestade em copo d’água”. Quantas vezes você já tentou conter um ataque de raiva ou de tristeza do seu filho com essas frases? Se para um adulto é difícil expressar suas emoções, imagina para uma criança!
Muitas vezes, nós, pais, não levamos em conta a importância do lado emocional nas atitudes dos nossos pequenos. Porém, entender melhor essas reações evitaria muitos conflitos.
Segundo a psicóloga Sandra Braga, desde o nascimento as emoções fazem parte de nossa vivência. No entanto, a compreensão sobre elas é uma habilidade que desenvolvemos gradativamente.
Dos 3 aos 6 meses surgem as primeiras demonstrações de raiva, tristeza, medo e alegria. Entre 2 e 4 anos, a criança começa a reconhecer o seu próprio estado emocional.
Embora o desenvolvimento da linguagem a partir do segundo ano de vida aumente a capacidade da criança em nomear verbalmente as emoções primárias, é importante que os pais estejam atentos a choros regulares, dificuldade para dormir à noite, cansaço, falta de energia ou apetite, perda de interesse nas brincadeiras que costumava gostar, gritos, quebra de brinquedos socos ou chutes.
A maneira como os pais irão lidar com isso terá influência direta na regulação emocional da criança – ou seja, a capacidade de lidar sozinha com as emoções mais tarde –, e ainda na sua capacidade de modular a intensidade ou a duração dos estados emocionais.
O que fazer?
Conforme a especialista, diante da expressão emocional da criança, um primeiro movimento seria perceber, aceitar e respeitar seus sentimentos, o que implica ouvir sem julgar, independente se você concorda ou não. A partir da experiência relatada, o cuidador, tendo já identificado a emoção, “ajuda” a criança a identificá-la e nomeá-la e a auxilia a expressar a emoção de uma forma mais assertiva.
– Abrace, acolha e acalme... incentive a criança a falar sobre o que está sentindo, valide a emoção, converse sobre suas próprias emoções também, demonstre empatia, ajude na busca de estratégias para a solução do problema e auxilie a criança a colocá-las em prática. Nunca ignore ou minimize – diz a psicóloga.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.