Nas últimas semanas, o termo "cringe" virou febre nas redes sociais ao descrever hábitos dos Millennials (quem nasceu entre 1980 e a primeira metade dos anos 1990) que seriam considerados "vergonhosos" ou "cafonas" pelos mais jovens. Uma das características que virou alvo das brincadeiras foi ter o hábito de tomar café da manhã - o que fez soar o alerta de nutricionistas para a importância da refeição.
Tomar café da manhã é "cringe"?
As brincadeiras da geração Z (nascidos entre a segunda metade dos anos 1990 e 2010) não deixam claro se consideram "cringe" qualquer pessoa que faz a primeira refeição do dia ou se o "problema" é a maneira como falamos de um bom café da manhã.
É importante lembrar que o café da manhã - assim como qualquer outra refeição - não deve ser uma questão de opinião. Cada refeição que integra a rotina alimentar precisa ser avaliada por um nutricionista, profissional responsável por analisar cada particularidade que compõe as suas necessidades fisiológicas, emocionais, sociais etc.
Afinal, é sempre recomendado tomar café da manhã?
Não existe regra. Depende, na verdade, de uma série de fatores: em que horário a pessoa acorda? Quando foi a sua última refeição? Ela sente fome pela manhã? Como é a rotina dela nesse horário? Quais suas atividades diárias? Só um profissional poderá definir, após avaliar o indivíduo, qual a melhor maneira de distribuir as suas refeições ao longo do dia.
Quais os benefícios da refeição?
Mesmo que as refeições precisem ser avaliadas de forma individual, é importante deixar claro que um bom café da manhã tem seus benefícios. Um estudo publicado neste ano pelo jornal especializado Proceedings of the Nutrition Society analisou o consumo alimentar de 31 mil norte-americanos durante diferentes horários do dia.
Segundo a pesquisa, 15% dos participantes não tomavam café da manhã. Ao avaliar a ingestão de nutrientes durante o dia, os pesquisadores perceberam que quem "pula" a primeira refeição consome mais calorias, carboidratos e açúcares do que quem tem o hábito de se alimentar pela manhã. Mais: quem abre mão do café tem menos chances de atender às recomendações diárias ideais de vitaminas e minerais essenciais, como cálcio, ferro, vitaminas A, complexo B, C e D.
Alerta para transtornos alimentares
Adolescentes têm 14 vezes mais chances de desenvolverem transtornos alimentares. Imagine que esse jovem acorde com fome (o que é provável que aconteça com boa parte), mas deixa de tomar um bom café da manhã - afinal, quer se sentir inserido na sua geração, ou pertencente a um grupo social. Esse pode ser o ponto inicial para desenvolver transtornos alimentares, como a anorexia. Não custa lembrar: cada pessoa tem suas necessidades nutricionais, seus sinais de fome e de saciedade.
Paula Mar Pinto é nutricionista clínica por formação, mas se considera uma "facilitadora de experiências saudáveis". Depois de muito brigar com a balança, resolveu se aliar a ela. É autora do projeto E Agora, Nutrinha?.