Muitas mulheres não gostam de matar nenhum dia de treino, mesmo se a saúde não estiver 100%, ainda mais quando os sintomas se arrastam por mais de uma semana – o que acaba impactando negativamente a performance do exercício. A dúvida que acaba aparecendo nessas situações é: posso treinar resfriada? E a resposta mais segura é: DEPENDE.
O ponto inicial é avaliar o estado geral de saúde. Os sintomas vão ser o ponto-chave para decidir se é melhor repousar ou se a ida à academia está liberada.
O bom de ser uma pessoa fisicamente ativa é que você provavelmente conta com um sistema imunológico muito mais competente do que quem é sedentária, pois uma das adaptações ao exercício físico praticado a longo prazo é a melhora das nossas defesas. Então, continua lendo o artigo de hoje para entender um pouco melhor sobre esse assunto.
É importante diferenciar resfriado de gripe. Apesar das duas condições apresentarem sintomas semelhantes, o resfriado é uma infecção mais leve, associado a um tipo de vírus (Rinovírus) que causa um pequeno impacto no sistema de defesa do organismo, e gera sintomas como coriza (nariz escorrendo), dor de cabeça, espirro ou tosse leves. Já a gripe, associada à infecção de outro tipo de vírus (Influenza), é uma infecção mais grave, que impacta o sistema imunológico com maior intensidade e gera sintomas bem mais importantes, como febre, dores no corpo, náuseas, sintomas intestinais, chiado no peito, e acomete mais órgãos do trato respiratório como faringe, laringe, pulmões, é uma infecção bem mais séria.
Em caso de resfriado
No primeiro caso, do resfriado, o treino está liberado, mas com cautela. Durante o exercício físico, ocorre a liberação de substâncias que vão ajudar a melhorar o desconforto e a sensação de mal-estar. Comece o aquecimento com um exercício leve, por exemplo, caminhando por 15 minutos. Se você começar a se sentir mal, pare o exercício. Se continuar se sentindo bem, pode fazer seu treino, com moderação e sem esgotar suas energias. Minha sugestão é diminuir intensidade, volume e tempo de treino nos dias em que estiver resfriada, pois o seu organismo já está comprometido com uma infecção.
Em caso de gripe
No segundo caso, o da gripe, prefira o repouso. Descanse, deixe o seu corpo se fortalecer novamente. A infecção é maior e pode desencadear condições ainda mais graves, como a miocardite viral (acometimento do músculo do coração pela infecção), se não tratada adequadamente. E, mesmo depois que os sintomas tenham desaparecido, espere mais 24h para voltar, com muita parcimônia, ao treino. Durante o repouso, tenha certeza de estar ingerindo água em abundância e nutrientes adequadamente, pois eles serão essenciais para que a recuperação seja mais rápida. Eu já citei alguns aliados na dieta para fortalecer a imunidade.
Mitos sobre treinar resfriada/gripada:
Suar ajuda a expulsar o vírus
Isso não acontece. Quem "expulsa" o vírus do nosso organismo é o nosso sistema de defesa imunológica. Infecções por vírus são tipicamente autolimitadas (duram de cinco a sete dias), ou seja, se "curam" sozinhas e não existe medicamento para elas (os antibióticos não agem em vírus, apenas em bactérias). As medicações utilizadas em gripes e resfriados servem apenas para abrandar os sintomas e melhorar a disposição da pessoa.
Treinar normalmente, assim que começar a se sentir melhor, quando tiver uma gripe forte
Só porque você está medicada, e se sentindo um pouco mais disposta, não significa que seu corpo já se livrou do vírus. E como durante a sessão de exercício a nossa imunidade cai, é uma oportunidade para que o vírus se fortaleça num organismo que está sensível. Não caia nessa cilada.
Tomar vitamina C ou suplementos polivitamínicos e poliminerais ajuda a acelerar a recuperação.
Não gaste seu dinheiro à toa! Não existe uma cura específica para gripes e resfriados, as medicações tratam os sintomas, mas os vírus têm seu tempo de ação (que pode variar um pouco conforme a capacidade de defesa do nosso organismo). Não importa que "fórmula mágica" você ingira, é o sistema imunológico que será o responsável por nos livrar da infecção, e ele tem seu próprio processo de funcionamento. A condição prévia de nutrição importa - por isso, se alimentar adequadamente todos os dias nos ajuda a ser mais resistentes e a ter um sistema imunológico melhor -, e também os cuidados que você toma durante o quadro infeccioso são importantes, tais como: descanso adequado, diminuição do estresse, hidratação e ingestão equilibrada de nutrientes.
Importante
Na dúvida se você deve ou não manter a rotina de treinos, visite um médico. Se os sintomas persistirem por mais de duas semanas, se a febre ultrapassar 38ºC, se tiver muitas dores no corpo ou no peito, se estiver tossindo muito ou novos sintomas aparecerem, consulte um médico. Esse artigo traz informações básicas, amparadas por conhecimento científico e técnico, mas não deve ser substituído por auxílio profissional especializado.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de yoga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.