O Roberta Sudbrack, primeiro restaurante da chef, apelidado de RS para fazer menção não apenas ao nome dela, como também ao Rio Grande do Sul, foi uma das minhas grandes paixões.
Lembro de ter ido ao Rio com a Renata, depois de muito programar, com o objetivo de tentar entender o que se passava lá. Guardamos aquela grana que não era pouca, numa época em que o Destemperados ainda nem engatinhava, exclusivamente para viver este momento.
Havia me imaginado lá inúmeras vezes antes disso. Mentalizava exatamente o que faria em cada momento, quando chegasse cada uma das etapas. Ensaiei na frente do espelho o que diria à chef quando chegasse na mesa para explicar o cardápio, e como iria pedir o vinho.
Foi tão marcante e tão emocionante que se tornou um dos relatos mais lindos e dos quais tive mais prazer em escrever. Historicamente, foi um texto que nos mudou de patamar, tamanha foi a repercussão gerada.
A experiência foi realmente muito marcante, um menu degustação supercompleto, com várias surpresas. Uma noite inesquecível em todos os sentidos.
Fiquei muito triste quando soube que a Sud tinha decidido fechá-lo, mesmo sendo um dos restaurantes mais premiados do país, com reconhecimento mundial, sempre com fila de espera, frequentado pelas principais figuras da atualidade. O que havia de errado? Nenhum motivo aparente.
Encontrei a chef recentemente e relatei, detalhadamente, esta minha primeira ida ao RS, resgatei fotos antigas e mostrei a ela. Uma das coisas que mais chamou a atenção da Sud foi uma foto dos garçons, e outra da cozinha.
Ela ficou reflexiva olhando atentamente, demoradamente e em silêncio para as duas imagens. Perguntei o que estava acontecendo. Foi quando respondeu: “meus garçons de gravata e minha cozinha escondida. Como pude viver assim por tanto tempo?”.
Abriu mão de tudo em nome da simplicidade. Um restaurante sem placa na porta, com poucos lugares, sem toalha de mesa, sem menu fixo, sem garçom de gravata. É preciso se perder para se encontrar!