*Texto por Luiz Américo Camargo, crítico gastronômico e autor do livro Pão Nosso
Se você está lendo este texto, é porque sobreviveu ao estranho ano de 2016. Parabéns. Merecemos celebrar, estando ou não otimistas. Não será um orçamento menos abonado que nos impedirá de pensar em refeições caprichadas nas festas.
Está com receio de comprar champanhe? Não precisa abrir mão de boas borbulhas. A região Sul é pródiga em belos espumantes, como Cave Geisse, Perini e outros. Mas confesso que o rótulo que mais me impressionou nos últimos tempos foi o Lírica Crua, produzido pela família Hermann em Pinheiro Machado: é cremoso, complexo, com acidez deliciosa. Garante-se o brinde, abaixo de R$ 100.
Não quer se arriscar por carnes mais caras? Então, coloque a família em torno de uma generosa paleta de porco assada. O quilo sai a R$ 9 ou R$ 10 (uma peça tem uns quatro quilos e rende muito). O preparo? Pegue a paleta e, com faca afiada, faça uns cortes no courinho – um xadrez. Tempere-a com alho amassado, pimenta-do-reino, páprica, ervas como tomilho e sálvia, um pouco de mel, azeite, sal, uma long-neck de boa cerveja escura. Espalhe bem os condimentos, ponha numa tigela grande, feche e deixe da noite para o dia. Depois, passe tudo para a assadeira e leve ao forno preaquecido: comece com fogo alto, para dar uma primeira dourada, por 15 minutos. Depois, cubra com papel-alumínio e siga em fogo baixo, por seis horas, ao menos (vá vigiando). A carne vai desmanchar e poderá ser acompanhada por tubérculos assados e farofa.
Por fim, já reparou que as frutas das festas são talvez o item mais superestimado em quantidade? Se houver mesmo um excedente de abacaxi, pêssego, figo e outras boas pedidas de dezembro, corte-os em pedaços grandes, acomode-os na assadeira e polvilhe com açúcar. Asse por quinze minutos, até dourar. Tire do forno, junte àqueles damascos secos e tâmaras que, pelo jeito, vão sobrar, enriqueça com nozes e castanhas, sirva com sorvete.
O café? Ah, você já economizou nas outras etapas. Passa um muito bom, vai.
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