Apesar de, com o passar do tempo, a erva-mate ter se diversificado a ponto de fazer o papel de ingrediente em receitas e em bebidas, ela é, para nós, sinônimo de chimarrão. Parte da cultura dos gaúchos, a erva-mate é nativa da região sul da América Latina e já era consumida em forma de mate quente pelos índios Guarani muito antes de o Brasil ser colonizado pelos europeus, ou seja, há mais de 500 anos.
Tradicionalmente, o chimarrão é uma bebida feita para compartilhar, mas acabou adquirindo novas formas de consumo, a partir do momento em que os mais apaixonados não se importaram em beber sozinhos. Apesar de estar presente no nosso cotidiano, a erva-mate pode ser mais amplamente apreciada, é o que acredita a ONG Instituto Escola do Chimarrão.
– Notamos que as pessoas têm ficado cada vez mais interessadas ao conhecer tudo o que a erva-mate tem a oferecer – conta Pedro José Schwengber, diretor-executivo da ONG. – Inclusive estamos com um projeto para incentivar o consumo de chimarrão pelos jovens dentro das escolas do Estado.
Encontrada principalmente na Argentina, no Paraguai e aqui no Brasil, em Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a erva-mate tem sua produção concentrada exatamente nesta região. Apesar de ser mais consumida entre os gaúchos, é o Paraná quem mais produz e foi lá que ocorreu o primeiro contato do ingrediente com o homem branco.
Atualmente, a erva consumida no Brasil é colhida e desidratada com fogo indireto – o que garante a manutenção do sabor e das propriedades benéficas para a saúde, objeto de estudo em diferentes instituições pelo mundo. Mais tarde, ela é moída, empacotada e segue para o mercado em um processo que pode durar de 48h a 72h. Ou seja, ela chega ao consumidor local praticamente fresca, ao contrário da erva-mate produzida para exportação.
– No curso da exportação, a erva-mate fica parada de 12 a 24 meses após a desidratação para só depois ser industrializada e enviada ao mercado – explica Schwengber. – Isso faz com que seja mais amarelada e tenha um gosto muito forte.
Como gosto não se discute, cada um tem a sua própria forma de tomar chimarrão, utilizando o tipo de erva da sua preferência. São diferentes estilos presentes no mercado. Entre eles os mais comuns são a Nativa, proveniente de plantas colhidas em seu habitat natural, a Tradicional, geralmente não nativa, cuja composição tem 70% de folhas e 30% de caule, a Moída Grossa, mais encorpada e com sabores mais complexos, e a Pura Folha, constituída apenas pelas folhas da Ilex paraguariensis – nome científico da erva-mate. Escolha a sua predileta e veja aqui dicas de como preparar um bom chimarrão.
A PRODUÇÃO E O CONSUMO
> Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são, nesta ordem, os maiores produtores de erva-mate do Brasil.
> No que se refere ao consumo, a ordem se inverte: Rio Grande do Sul é o maior consumidor, seguido de Santa Catarina e Paraná.
> No Rio Grande do Sul, as principais cidades produtoras são Ilópolis, Arvorezinha e Venâncio Aires.
> Apesar de não ter erva-mate nativa, a Argentina é o maior país produtor do mundo.
> Mesmo não produzindo sequer um pé de erva-mate, é o Uruguai o maior consumidor, seguido de Argentina, Paraguai, Síria (que utiliza a erva em chás e chimarrão, bebido em cuia de porcelana) e Brasil.
BENEFÍCIOS
Segundo Pedro José Schwengber, a erva-mate tem mais de 190 princípios ativos descobertos. É antioxidante, vasodilatador e rica em vitaminas A, B1, B2, C e E. Em sua composição, conta com ferro, fósforo, cálcio, potássio e manganês. Ajuda no combate à osteoporose e na recomposição óssea, é anticoagulante, reduz o colesterol ruim, previne o câncer a auxilia no controle da diabetes. Também é uma forte aliada para quem deseja emagrecer.
– Pela Anvisa, a erva-mate é considerada um alimento. Mas, como já existem diferentes remédios elaborados a partir dela, acho que em breve vai passar a ser fitoterápico – acredita Schwengber.
* Conteúdo produzido por Juliana Palma