O programa Roda Viva recebeu a cantora, compositora, atriz e atual ministra da Cultura, Margareth Menezes na segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra. Durante a entrevista, a ministra foi incisiva na defesa de uma regulação das plataformas de streaming, visando garantir remuneração justa aos trabalhadores do setor.
— Desde 2003, quando Gilberto Gil era ministro da Cultura, ele fala sobre a questão da regulação. O Brasil é um dos países que mais consome streamings, que mais dá retorno às plataformas. É preciso haver uma regulação, porque estamos falando de aspectos de direito aos trabalhadores, direitos autorais. Queremos uma remuneração justa, sem prejuízos, mas é preciso haver esse conhecimento — defendeu Margareth.
A ministra ainda afirmou que a pauta não é exclusiva do Brasil, mas sim, uma pauta global e já aplicada em diversos países. O tema foi um dos que motivou as greves de roteiristas e atores de Hollywood.
Questionada pelo músico e produtor Evandro Fióti, irmão de Emicida, sobre os paralelos possíveis de se traçar sobre a luta de pessoas pretas, levando em consideração o racismo sistêmico ainda presente no Brasil, Margareth afirmou ser uma ação de combate não somente de governo, mas de sociedade.
— Eu vejo que neste momento, no Brasil, a gente consegue falar de racismo de uma maneira mais aberta, vendo alguns movimentos serem apoiados por outros entes que já começam a entender a necessidade desta reparação, de chegarmos a todos os lugares e de se ter representatividade mesmo —avaliou. — Nós estamos buscando fazer isso. Já melhorou em 40% a representatividade de pessoas negras e de pessoas indígenas dentro do Ministério da Cultura.
A ministra também destacou a importância da existência do Ministério da Cultura, que na gestão Jair Bolsonaro passou a ser uma Secretaria Especial, vinculada primeiramente ao Ministério da Cidadania e, depois, ao Ministério do Turismo. Margareth afirmou que o setor cultural não pode ser subjugado enquanto algo supérfluo, já que ele é responsável por 3,11% do produto interno bruto (PIB) do país, conforme ela, e emprega 7,5 milhões de pessoas.
— Não dá para colocar o setor cultural como um produto supérfluo (...) Nossa cultura não é de segunda, é uma cultura de um país que tem uma identidade fantástica e oportunidades gigantes. É com essa visão e expectativa que nós estamos buscando esse fomento — ressalta.
A bancada de entrevistadores foi formada por Evandro Fióti, artista e CEO da Lab Fantasma, Marcella Franco, editora da Folhinha e Folhateen, do jornal Folha de S.Paulo, a urbanista e escritora Joice Berth, o gestor cultural Ale Youssef, e Diane Lima, curadora e escritora.