O velório do ator Milton Gonçalves, 88 anos, ocorreu na manhã desta terça-feira (31) no Theatro Municipal, no centro do Rio de Janeiro. O corpo do artista chegou às 8h e a cerimônia foi aberta ao público a partir das 9h30min. As informações são do G1.
Fãs do artista chegaram cedo para se despedir do ícone da televisão brasileira e deixaram alguns itens sobre o caixão, como uma camiseta do Flamengo, time para o qual Milton torcida, boné, fotografias do ator e uma bandeira da Mangueira, escola de samba preferida do artista.
Alda e Catarina Gonçalves, filhas de Milton, estavam entre as primeiras a chegar ao velório. Alda vestia uma camiseta do Carnaval deste ano da Acadêmicos de Santa Cruz, escola que prestou homenagem ao ator.
Após o velório, o corpo do ator será transportado para o Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju. A cerimônia de cremação está prevista para as 15h30min e será restrita a familiares.
O ator faleceu na segunda-feira (30) em sua residência, no Rio de Janeiro. Segundo a família, a morte foi consequência de problemas de saúde que Milton vinha enfrentando desde que teve um AVC, em 2020. Na época, o artista ficou três meses internado e precisou da ajuda de aparelhos para respirar.
Viúvo, o ator deixa três filhos, dois netos e uma história marcante na teledramaturgia brasileira.
Homenagens
A escola de samba Mangueira enviou uma coroa de flores para a despedida do veterano da teledramaturgia. "Que seja eterna a sua memória, Estação Primeira de Mangueira", dizia a inscrição.
O ator Antonio Pitanga compareceu ao velório e recordou a importância de Milton como um dos primeiros negros a ganhar papéis de destaque na TV nacional.
— Ele sai da vida e entra na história com a missão cumprida. Cabe a nós continuar a luta de Milton Gonçalves — afirmou Pitanga, em entrevista ao jornal O Dia.
Os dois eram amigos desde a juventude e participaram de movimentos em prol da igualdade racial.
— Milton Gonçalves para mim é conhecimento. Essas andanças e lutas significaram muito pra mim — finalizou Pitanga.
Pioneirismo na teledramaturgia
Com mais de 40 novelas no currículo, Milton fez história na Globo. Na emissora, entre seus trabalhos de destaque estão o personagem Zelão das Asas de O Bem Amado (1973), e o médico Percival de Pecado Capital (1975).
Entre os trabalhos mais recentes de que o ator participou estão as novelas Pega Pega (2017) e O Tempo Não Para (2018), o especial de fim de ano Juntos a Magia Acontece (2019), e a série Filhas de Eva, que estreou em 2012 na plataforma de streaming Globoplay e que será transmitida nesse ano na Globo.
Milton está também na reprise da novela A Favorita (2008). Na história, deu vida ao deputado Romildo Rossi. Na vida real, o ator também se envolveu em política, quando, em 1994, se candidatou a governador do Rio de Janeiro, mas acabou não vencendo.
Além de ator, o artista trabalhou como diretor em Carga Pesada (de 1979 a 1981) e nas novelas Escrava Isaura (1976) e Irmãos Coragem (1970). Além das novelas, Milton trabalhou em humorísticos e minisséries. No cinema, foram mais de 50 filmes, entre os quais Macunaíma (1969), O Anjo Nasceu (1969) e A Rainha Diaba (1974).
Em 2018, em uma entrevista ao jornal Extra, o ator contou que na sua estreia no teatro interpretou um rei que era pai de uma menina branca e de olhos azuis e que, por conta disso, os produtores o pintavam para que sua pele ficasse mais clara.
— Eu era pintado de branco e fazia (a peça). Isso me marcou muito. Eu já tive muitos medos, inclusive medo de ser agredido — relatou, durante a entrevista.