Milton Gonçalves morreu nesta segunda-feira (30), no Rio de Janeiro, aos 88 anos. Segundo a família do ator, ele morreu em casa, por volta das 12h30min, devido a complicações de saúde causadas por um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, sofrido em 2020. Na época, ele chegou a ficar internado no hospital por três meses.
Nascido em 9 de dezembro de 1933, em Monte Santo (MG), Milton Gonçalves era filho de camponeses e mudou para São Paulo na infância, quando trabalhou como aprendiz de sapateiro e alfaiate. Após ter feito teatro infantil e amador, ele estreou profissionalmente em 1957, com o espetáculo Ratos e Homens, de John Steinbeck, no Arena. Um ano depois, migrou para o Teatro Nacional de Comédia.
Mais tarde, Milton formou o primeiro elenco de atores da Globo, com Célia Biar e Milton Carneiro, após aceitar o convite do diretor Otávio Graça Mello. Ele participou do seriado Rua da Matriz (1965) e as novelas Rosinha do Sobrado e Padre Tião. Entre 1966 e 1969, foi destaque no humorístico TV0-TV1, parodiando outros programas e sendo precursor do TV Pirata (1988).
Na década de 1970, esteve nos principais folhetins da emissora: o infantil Vila Sésamo (1972), em que interpretou o Professor Leão; O Bem-Amado (1973), como Zelão das Asas; e Gabriela (1975), no papel de Filé. No período, também dirigiu Irmãos Coragem (1970) e os primeiros capítulos de Selva de Pedra (1972), de Janete Clair.
A dramaturgia seguiu como seu forte na década de 1980. Em Roque Santeiro (1985), de Dias Gomes, interpretou o promotor público Lourival Prata. Minisséries como Tenda dos Milagres (1985), As Noivas de Copacabana (1992), Agosto (1993) e Chiquinha Gonzaga (1999) também marcaram o currículo do ator.
Sua atuação como Pai José na segunda versão da novela Sinhá Moça (2006) lhe valeu a indicação para o prêmio de melhor ator no Emmy Internacional. Na cerimônia, apresentou o prêmio de Melhor Programa Infantojuvenil ao lado da atriz americana Susan Sarandon. Foi o primeiro brasileiro a apresentar o evento.
Na última década, o ator se destacou em Insensato Coração (2011), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, como Gregório Gurgel. Por sua atuação em Lado a Lado (2012), como Afonso Nascimento, ele ganhou o Emmy Internacional. Nos últimos anos, foi Cristóvão na novela Pega Pega (2017), Eliseu em O Tempo Não Para, de Mario Peixoto, no ano seguinte. Em 2019, participou do especial de Natal da Globo, Juntos a Magia Acontece, como Orlando Santos. Ao todo, foram mais de 40 novelas na emissora.
Nos cinemas, Milton também participou de mais de 60 filmes, de O Grande Momento (1958) passando por A Rainha Diaba (1974) até Carandiru (2003).
Sempre mobilizado com a política, Milton era simpatizante do Partido Comunista Brasileiro na juventude e chegou a se candidatar ao governo do Estado do Rio de Janeiro em 1994 pelo PMDB. Em 2008, interpretou um político corrupto, Romildo Rossi, em A Favorita, de João Emanuel Carneiro.