Foi o momento em que franjas surgiram em até quem era careca. Munhequeiras quadriculadas, magicamente, apareceram nos pulsos. Celulares se transformaram em câmeras digitais cinzas e compactas, em que planetários tiraram selfies com flash estourando na cara. Posteriormente, as imagens foram publicadas no Fotolog ou no Orkut.
Não faltaram emoções no show do NX Zero. Sobraram razões: após 11 anos, a banda paulista voltou a se apresentar no Planeta Atlântida nesta sexta-feira (2). Foi um convite para fãs veteranos reencontrarem a banda e saborearem a nostalgia, enquanto uma geração mais nova pode ter uma amostra do que não viveu.
A banda subiu ao Palco Planeta às 21h30min levando uma amostra pocket da turnê Cedo ou Tarde. Formada em 2001 e hoje composta por Di Ferrero (vocal), Gee Rocha (guitarra e vocal de apoio), Fi Ricardo (guitarra), Dani Weksler (bateria) e Caco Grandino (baixo), o grupo repassou sua trajetória de mais de duas décadas.
O NX Zero voltou a se reunir em 2023, após seis anos de hiato, e rodou o país, culminando com duas apresentações que lotaram a arena Allianz Parque, em São Paulo. O show foi gravado e, posteriormente, será lançado nas plataformas digitais.
A primeira porrada do NX foi Só Rezo, com o público cantando junto. Aqui o som das guitarras ainda estava sendo calibrado, mas, aos poucos, as coisas foram se ajeitando.
Com a segunda música, Daqui Pra Frente, a banda seguiu cativando público. Depois de apresentarem Bem ou Mal, Pela Última Vez fisgou os planetários, especialmente com boa parte da Saba cantando o refrão: “É, pela última vez/ É, pela última vez/ Eu quero que prometa/. Todo seu destino é meu”.
Então, Di questionou quem estava assistindo ao show do NX pela primeira vez, e muitas mãos foram erguidas pelos planetários. Como se fosse aviso aos novos fãs, a banda emendou Você Vai Lembrar de Mim, faixa lançada no ano passado.
Onde Estiver levantou o Planeta com seu refrão chiclete: “Aonde estiver/ Espero que esteja feliz, encontre seu caminho/ Guarde o que foi bom / E jogue fora o que restou”.
Em seguida, foi a hora de um tributo ao Chorão. Quando apareceu um vídeo protagonizado pelo vocalista do Charlie Brown Jr., os planetários expressaram aquele “aaaa” de comoção. Na sequência, foi hora de um dos momentos mais catárticos da noite com Cedo ou Tarde.
Durante uma ponte da música, Di discursou sobre como a banda cresceu com o festival, onde tem muita história para contar. Também ressaltou que não esqueceu as pessoas que estavam junto lá atrás com a banda. O vocalista ainda pediu barulho para o Chorão e, a seguir, o refrão de Cedo ou Tarde ganhou ainda mais força com o público.
Para a balada Cartas pra Você, Di pediu aos planetários para ligarem as luzes do celular. Com a Saba iluminada pelo público, o show ganhou um contorno suave e romântico. Talvez não tão bom para alguém com coração partido recentemente (“Eu passo tanto tempo/ Só te procurando/ Em um outro alguém”), mas faz parte da experiência do emocore.
A apresentação seguiu com Hoje o Céu Abriu, Ligação, Não é Normal antes de ir para os hits derradeiros. Primeiro, Além de Mim com o seu questionamento: “Eu te fiz feliz? (Eu te fiz feliz)/ Fiz feliz? (Eu te fiz)”, seguido de um imperativo desesperado (“Responda!”). Outro refrão forte para os planetários vibrarem: tantas vezes você precisou e eu não pude ver/ Nada além de mim”.
Por fim, a segunda catarse da apresentação com a inevitável Razões e Emoções. Aqui o público pulou, berrou a letra e talvez alguém tenha lembrado de alguma decepção amorosa de 2005, novamente, frisa-se, faz parte da experiência de um baile emo.