— A gente sempre considera o show do Planeta o mais importante do ano. Reformulamos o setlist, preparamos com cuidado, com carinho. Toda a escolha de repertório, toda a dinâmica do show, tudo é moldado para o Planeta Atlântida. Isso vai nos espelhar no nosso ano, na turnê — explica o guitarrista da Comunidade Nin-Jitsu, Fredi Chernobyl.
Esta importância dada ao festival não é para menos: a história da banda quase se confunde com ele. Desde 2000, a Comunidade Nin-Jitsu já se apresentou 19 vezes no Planeta — em 1º de fevereiro agora, será o 20º show. Além disso, os roqueiros já subiram no palco em algumas edições do evento em Santa Catarina. É uma relação muito próxima e que começou um ano antes da estreia da banda no evento.
Em 1999 — um ano depois do lançamento do primeiro álbum da Comunidade, o Broncas Legais (1998) —, os roqueiros foram chamados para participar de um evento chamado Aldeia Atlântida, promovido pela Rádio Atlântida, que percorria o interior gaúcho, levando bandas em alta e fazendo um "aquece" para o Planeta.
A parceria, que nasceu no final do século passado, foi uma espécie de passaporte para que a Comunidade ultrapassasse o bug do milênio e, no ano seguinte, subisse, finalmente, ao tão almejado palco do Planeta Atlântida. Eles abriram o segundo dia do festival de 2000, realizado em 12 de fevereiro, um sábado.
— Foi uma caminhada. E a gente considerou um divisor de águas na nossa carreira. Porque é um dos maiores festivais do Brasil, o maior festival do Sul. Entramos com sangue nos olhos, tipo: "Vamos arrebentar, né, cara? Vamos!". Foi muito importante e a galera foi à loucura. Abrimos e tinha muita gente já no começo, acho que umas 25, 30 mil pessoas. Foi emocionante — recorda Chernobyl.
Segundo o músico, já naquele primeiro Planeta Atlântida, diversas músicas que, hoje, são hits consolidados do grupo, deram às caras, como Detetive, Merda de Bar, Melô do Analfabeto e Rap do Trago. E todas elas seguem sendo entoadas a plenos pulmões pelo público, independentemente da idade.
— No ano passado, tinham pessoas na plateia que sequer eram nascidas quando a gente fez o Planeta de 2000. E o que mais arrepia é que vemos a galera pulando e cantando ainda hoje, porque a linguagem da Comunidade é uma linguagem que conversa com o festival. É uma linguagem de alegria, de diversão.
Reis das collabs
O quarteto original da Comunidade segue atuando junto — Mano Changes no vocal, Nando Endres no baixo, Pancho Santos na bateria e o próprio Chernobyl na guitarra —, mas, para o show deste ano no Planeta, os músicos terão a companhia de MC Jean Paul e do DJ Mart.
Será um show em conjunto, celebrando o ecleticismo do festival, ao misturar diversos artistas e gêneros, que conversam com os mais diversos públicos, mas todos com um mesmo objetivo: fazer festa.
— Estamos criando um show especial com o MC Jean Paul. Vai estar no setlist os grandes clássicos da Comunidade e, também, clássicos dele, com roupagem de banda junto. A gente vai se manter no palco. Vai ser bem impressionante — antecipa Chernobyl.
Esta, porém, não será a primeira vez em que a Comunidade Nin-Jitsu divide o palco do Planeta. Em 2005, os gaúchos tocaram com o Massacration, banda de heavy metal do grupo de comédia Hermes e Renato que, na época, não tinha um show completo; Então, a Comunidade Nin-Jitsu garantiu a apresentação. No ano seguinte, para introduzir o funk no evento, os organizadores convidaram o grupo de Porto Alegre para acompanhar o DJ Marlboro — juntos, encerraram a segunda noite.
— A gente abriu as portas para o estilo no Planeta — salienta o guitarrista.
Já em 2014, a apresentação em conjunto foi com os roqueiros dos Raimundos. Na edição seguinte, a Ultramen se juntou à Comunidade para a festa. E foi em 2018 que ocorreu o histórico show com Mr. Catra, que viria a falecer alguns meses depois.
— A gente dá certo em abraçar as participações especiais e criar um show especial para o Planeta. Somos, tipo, pau para toda obra (risos) — garante o membro da Comunidade Nin-Jitsu, recordando que a banda completa 30 anos em 2025 e, em breve, as comemorações devem começar.